Uma coisa é certa
Adão Cruz. Ilustração de Adão Cruz.
Uma coisa é certa
aqui sentado na margem deste regato debruado a pedaços de neve o avesso do pensamento já não incomoda.
O silêncio acorda os olhos de pó e a melodia há muito perdida nas encostas nevadas renasce na canção deste rio.
Não importa ser-se aqui planta ou pedra ou torvelinho de água brincando à roda do abismo.
Os soluços são apenas o cantar da água e o tempo de recordar há muito se deslembrou.
A montanha despiu a neve a saudade deixou de respirar tristezas a angústia tem o tamanho da neve e o abraço do sol o tamanho da angústia.
Os lábios rasgados do sexo cósmico devoram os beijos que não têm como a neve a força de um regresso.
O tempo de sorrir não morreu no naufrágio das flores das noites nuas.
Por isso não importa não saber cantar se a música dos teus dedos nasce nos cabelos de hoje.
O tempo de sorrir não morreu! Fantástico
ResponderEliminarParabens homem de talento inesgotável.
paxiano
Bem bonito!
ResponderEliminarObrigado amigo paxiano e luis, mas não exageremos paxiano
ResponderEliminarMais que belo esse canto melancólico à beira da água.
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