terça-feira, 26 de outubro de 2010

Tu vens

(ilusração. pormenor de quadro de Adão Cruz)






Adão Cruz 


(Dedicado à Augusta Clara)

Tu vens
eu acredito que vens
neste céu de cabelos soltos
e seios ao vento
nesta fome de corpo e pensamento.

Tu vens
eu sei que vens
é hora de vires
nesta vespertina voragem de felicidade
neste céu da cor da angústia.

Tu vens
construir a Primavera
em teu vestido branco de espuma
dominar meu indómito cabelo
com jogos simples dos teus dedos.
Eu quero acreditar que tu vens
pegar docemente nas minhas mãos cegas
e delas fazer uma flor de acácia
com que amacias os lábios
e abres o cofre dos teus seios de fogo.

Tu vens
eu sei
por isso sou feliz no meu silêncio.

4 comentários:

  1. Dói-me não ser poeta para te retribuir o que recebi da mesma maneira

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  2. Eu perante esta qualidade do Adão não tenho como oferecer-te um poema, Augusta. Sobra-me a vontade, falta-me o talento!

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  3. A intenção também conta, Luís. Obrigada.

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  4. Com rasgos destes, que mais há para dizer? Nada, apenas ouvir e deliciar-me.

    paxiano

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