(Pormenor de foto de José Magalhães)
Quando falamos de Coimbra, logo lhe associamos uma ideia - a da Universidade. Numa visão estereotipada que a magnífica canção de Raul Ferrão e José Galhardo acentua, Coimbra é muitas vezes descrita na óptica saudosista de quem lá estudou e, com o avançar dos anos, foi progressivamente associando a cidade à sua juventude. Para muitos, Coimbra é um ícone nostálgico dessa longínqua juventude. E a quem não nasceu ou não vive em Coimbra, essa é a visão mitificada que lhe chega. Porque as descrições que mais pesam na construção do imaginário vêm de ex-estudantes e dão-nos essa ideia - a de que a cidade apenas existe em função da Academia.
Coimbra não é apenas a cidade que acolhe a que é considerada a mais antiga e emblemática das universidades portuguesas – a urbe já existia antes de, em 1308, o rei D. Dinis ter transferido o estudo geral para a sua Coimbra. Em 1290, o papa Nicolau IV autorizara a criação em Lisboa de uma universidade. Mas os institutos que a constituíam andaram durante cerca de dois séculos e meio de Lisboa para Coimbra e vice-versa - em 1308 foram para Coimbra, em 1328, voltaram a Lisboa e em 1354 para Coimbra, regressando a Lisboa em 1357. E é neste ano que uma bula do papa Gregório IX autoriza a Universidade a outorgar os graus de bacharel, licenciado e doutor. Só em 1537, a Universidade voltaria a Coimbra e até à reforma pombalina do Ensino, será a única instituição do Ensino superior em Portugal. Com excepção da Universidade de Évora, nascida do Colégio do Espírito Santo gerido pela Companhia de Jesus e criada pela bula Cum a nobis, do papa Paulo IV, em 1559. Mas não foi a instalação da Universidade que tornou a cidade importante.
Foi a importância de Coimbra que aconselhou a instalação ali da Universidade. O conceito de capital não existia com o sentido que hoje lhe damos – a capital do reino era onde a Corte estivesse instalada. E Coimbra era uma das cidades onde, sobretudo durante a primeira dinastia, a Corte permanecia mais tempo.. Seis reis ali nasceram. Não conto com o Fundador que, segundo o Professor Luís Krus, ali terá nascido também. Mas não queremos entrar nessa discussão, sabendo-se que vimaranenses e viseenses disputam acerrimamente a posse do berço de Afonso I. Coimbra teria argumentos para entrar nessa corrida. Mas chega-lhe este facto indesmentível: foi ali que Afonso Henriques quis ser sepultado - e ali repousam os seus restos mortais, na Igreja de Santa cruz, sob um túmulo magnífico construído no século XVI.
Quando falamos de Coimbra, logo lhe associamos uma ideia - a da Universidade. Numa visão estereotipada que a magnífica canção de Raul Ferrão e José Galhardo acentua, Coimbra é muitas vezes descrita na óptica saudosista de quem lá estudou e, com o avançar dos anos, foi progressivamente associando a cidade à sua juventude. Para muitos, Coimbra é um ícone nostálgico dessa longínqua juventude. E a quem não nasceu ou não vive em Coimbra, essa é a visão mitificada que lhe chega. Porque as descrições que mais pesam na construção do imaginário vêm de ex-estudantes e dão-nos essa ideia - a de que a cidade apenas existe em função da Academia.
Coimbra não é apenas a cidade que acolhe a que é considerada a mais antiga e emblemática das universidades portuguesas – a urbe já existia antes de, em 1308, o rei D. Dinis ter transferido o estudo geral para a sua Coimbra. Em 1290, o papa Nicolau IV autorizara a criação em Lisboa de uma universidade. Mas os institutos que a constituíam andaram durante cerca de dois séculos e meio de Lisboa para Coimbra e vice-versa - em 1308 foram para Coimbra, em 1328, voltaram a Lisboa e em 1354 para Coimbra, regressando a Lisboa em 1357. E é neste ano que uma bula do papa Gregório IX autoriza a Universidade a outorgar os graus de bacharel, licenciado e doutor. Só em 1537, a Universidade voltaria a Coimbra e até à reforma pombalina do Ensino, será a única instituição do Ensino superior em Portugal. Com excepção da Universidade de Évora, nascida do Colégio do Espírito Santo gerido pela Companhia de Jesus e criada pela bula Cum a nobis, do papa Paulo IV, em 1559. Mas não foi a instalação da Universidade que tornou a cidade importante.
Foi a importância de Coimbra que aconselhou a instalação ali da Universidade. O conceito de capital não existia com o sentido que hoje lhe damos – a capital do reino era onde a Corte estivesse instalada. E Coimbra era uma das cidades onde, sobretudo durante a primeira dinastia, a Corte permanecia mais tempo.. Seis reis ali nasceram. Não conto com o Fundador que, segundo o Professor Luís Krus, ali terá nascido também. Mas não queremos entrar nessa discussão, sabendo-se que vimaranenses e viseenses disputam acerrimamente a posse do berço de Afonso I. Coimbra teria argumentos para entrar nessa corrida. Mas chega-lhe este facto indesmentível: foi ali que Afonso Henriques quis ser sepultado - e ali repousam os seus restos mortais, na Igreja de Santa cruz, sob um túmulo magnífico construído no século XVI.
Aeminium foi o nome que os Romanos deram à cidade que nascera junto do rio Aeminium (Mondego). Foi, na era cristã, sede de Diocese, substituindo a cidade romana de Conímbriga. Com a invasão moura, Coimbra, situada na zona tampão entre território cristão e árabe, passou a ser um importante entreposto comercial. Mudou de mãos com frequência - em 871 era o Condado de Coimbra mas só em 1064 a cidade foi reconquistada por Fernando Magno de Leão. A cidade cresceu e prosperou, governada por Sesnando, um moçárabe. O Conde D. Henrique e D. Teresa, quando lhes foi concedido o Condado Portucalense, passaram a residir em Coimbra, D. Afonso Henriques ali instalou a sua Corte, podendo dizer-se que foi a primeira capital de Portugal, condição que só perdeu em 1255, quando a Corte se mudou para Lisboa. Nesse século XII em que foi cabeça do reino a cidade apresentava um tecido urbano revelador de diferenças sociais – na parte alta da cidade (Almedina) residiam nobres e clérigos, enquanto na parte baixa, junto ao rio, se situavam habitações e tendas de artífices e mercadores. Quando em 1537 a Universidade transitou, desta vês definitivamente, de Lisboa para Coimbra, a importância da instituição sugou todo o protagonismo da urbe – Coimbra passou a viver em função da sua Universidade e só no século XIX a mancha urbana se expandiu para lá das muralhas que acabaram por desaparecer no furacão da Reforma Pombalina.
A Universidade passou a ser o coração da cidade que viveu durante séculos quase ao ritmo das badaladas da Cabra. Um coração de bronze. Numa edição que, como a nossa, se debruça principalmente sobre os aspectos culturais da vida coimbrã, a Universidade surgirá com frequência. E, confirmando essa omnipresença, será com os Antigos Orfeonistas Universidade que abrimos esta edição inteiramente dedicada a Coimbra. Cantando a canção de Raul Ferrão e José Galhardo que hoje associamos indissoluvelmente à bela cidade do Mondego.
Começou no Estrolabio o dia de Coimbra!
Começou no Estrolabio o dia de Coimbra!
Belo começo.O texto muito bom e o céu da foto do Zé Magalhães...
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