quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Para Sempre, Tricinco ALLENDE E EU - autobiografia de Raúl Iturra - (26)

(Continuação)

Em 1987 Ricardo Lagos funda o Partido pela Democracia (PPD), que veio a ter um papel importante na formação da Coligação de Partidos pela Democracia, movimento que reúne todas as forças partidárias na campanha do «não» ao referendo que derrota Pinochet. A 25 de Abril de 1988 Lagos ganha projecção no país ao participar num programa televisivo em que, de dedo em riste (O dedo de Lagos ) denuncia o ditador de pretender perpetuar-se no poder através do referendo que se efectua em Outubro desse ano. Pinochet é derrotado e Lagos, que mantém a dupla militância no Partido Socialista e no PPD, vem a integrar mais tarde o primeiro governo de coligação presidido por Patricio Aylwin ocupando a pasta da Educação.


Em 1993, Lagos perde as eleições primárias da Coligação para o democrata-cristão Eduardo Frei, que sucede a Aylwin à frente dos destinos do Chile. Neste segundo governo da Coligação, Lagos ocupa o cargo de ministro das Obras Públicas, do que se demite em Agosto de 1998 para se candidatar à Presidência da República.

Com a segunda volta das presidenciais de domingo Lagos torna-se no primeiro presidente do Partido Socialista do Chile desde o sangrento derrube de Salvador Allende, em 11 de Setembro de 1973”(Retirado do jornal Avante na Net: http://www.pcp.pt/avante/1364/6403g1.html

Estou certo, como escritor que sou, faz já tempo, que devia ter colocado esta referência em nota de rodapé, mas foi-me impossível, porque é a ressurreição do Chile de ontem e esses meu tricincos, reivindicados, não apenas para mim, bem como para todos os que sofremos os alvitres de optar por uma via livre para o socialismo...Lagos derrotou ao candidato da UDI ou Unión Demócrata Independiente, o Alcalde (Presidente) da Comuna (Câmara Municipal) de La Reina, antes do meu Reitor que andou comigo no exílio, Fernando Castillo Velasco, da Democracia Cristã, sempre eleito e reeleito anos sem fio e apoiante de Allende, até ter de se exilar por ter aceite uma pasta de Ministro no Governo de Allende que o PDC não queria, já relatado antes.

Estava a dizer que Lagos derrotou na hoje existente Segunda Volta de eleições para a Presidência da República, ao candidato da Unión Demócrata Independiente , partido de ultra derecha chilena, Joaquin Lavín.

Ao acabar a presidência de Lagos, há candidatos da UDI e da Concertação. Mais uma vez, Lavín da UDI, candidata-se à presidência, mas a Socialista Michelle Bachelet ganha em 2007 aos candidatos da direita que, muito embora queriam-se distanciar do denominado cadáver político de Pinochet, não conseguem e os dois perdem a sua candidatura com o triunfo da filha do General Allendista e membro segredo do Partido Socialista, Gastón Bachelet, referido já nas primeiras páginas deste texto. Com todo, é importante situar, mais uma vez, notícias on line dentro do corpo do texto por estarmos a tornar ao Chile de ontem após esse longo período de 19 anos de ditadura e perseguição brutal: Transformado em um réu nonagenário e em um cadáver político, Augusto Pinochet, pela primeira vez desde a volta da democracia, estará absolutamente ausente das eleições chilenas de amanhã.

Detido na sua casa após ser processado por nove crimes da denominada Operação Cóndor, desaforado por outros 29 delitos de crimes de morte e processado por quatro delitos de corrupção, a influência política do antigo governante de facto (1973-1990) se reduz a uma centena de fiéis que o cumprimentaram em seu aniversário de 90 anos, em 25 de novembro.

Em teoria, por não ter sido condenado, o exonerado ditador, pelas cortes europeias, poderia votar, autorizado pelo juiz que ordenou a sua detenção. Mas, a 24 horas do pleito, ignorava-se o facto dos seus advogados tiverem solicitado tal permissão.

Para os analistas, há dúvidas se o general, que se vangloriava de que no Chile não se movimentava uma folha sem que ele o soubesse, tem preferência por um dos quatro candidatos que disputam quem será o próximo presidente do Chile.

Os candidatos da direita, Joaquín Lavín e Sebastián Piñera, assim como disputaram palmo a palmo a votação do sector, com a meta de passar a uma eventual segunda volta com a candidata governamental Michelle Bachelet, também competiram para mostrar a maior distância possível do nonagenário militar.

Lavín passou de entusiasta defensor da "obra" do general a alguém que declarou que cada vez sente "mais distância" daquele período, enquanto Piñera sublinhou permanentemente seu apoio ao "não" no plebiscito de 1988, quando os chilenos rejeitaram a continuidade do regime.

Em outubro do ano passado, por causa de razões de saúde, Pinochet já não votou nas eleições camararias. De facto, a última vez que votou - no primeiro horário, impecavelmente vestido de civil e rodeado de jornalistas e guarda-costas - foi nas eleições legislativas de 11 de dezembro de 1997.

Na época ainda era o Comandante em Chefe do Exército e sua influência política se tinha feito sentir desde que se viu forçado a deixar o poder, em março de 1990, assumindo a Presidência o democrata-cristão Patricio Aylwin.

Aylwin foi eleito em Dezembro de 1989, um ano e dois meses depois do plebiscito de 1988, com o qual Pinochet planejava continuar na Presidência até 1998 e quando, apesar sua derrota, adoptou as garantias asseguradas pelo marco constitucional democrático "protegido" que ele tinha desenhado.

Um marco que lhe assegurava a chefia do Exército até março de 1998 e, após isso, um assento vitalício no Senado.

Ao começar o Governo de Aylwin, Pinochet advertiu que "no dia em que um de meus homens forem tocados, acaba o estado de direito”, o que levou à prática, duas vezes nesse período (1990-94), de mobilizações militares que ficaram conhecidas como "o exercício de enlace" e "o boinazo", com tropas na rua.

Claro que tais acções foram simples manobras para tentar travar a investigação do obscuro negócio dos "Pinocheques" --o pagamento de US$ 3 milhões do Exército a Augusto Pinochet Hiriart, filho maior do antigo ditador, como intermediário na compra de uma fábrica de fuzis.

Nas eleições presidenciais de dezembro de 1999, com o segundo turno marcado para 16 de janeiro entre Ricardo Lagos e Joaquín Lavín, Pinochet estava preso em Londres, com o seu poder em declive.

Retornou ao Chile em março de 2000, após 17 meses de detenção na capital britânica, a pedido do juiz espanhol Baltasar Garzón, poucos dias antes da tomada de posse Presidencial do candidato eleito, o Socialista Ricardo Lagos.

Seu retorno marcou um aprofundamento de seu ocaso político, pois as queixas judiciais contra o antigo ditador se multiplicaram até somar mais de 300, foi desaforado e processado pelo juiz Juan Guzmán no caso da Caravana da Morte e, em meio ao descrédito, teve de renunciar a sua cadeira de senador.

O resto é história recente: acossado pela Justiça, sua defesa teve de recorrer a sua "demência subcortical" para libertá-lo dos processos e, com frequentes idas ao hospital, optou por mudar-se definitivamente para sua residência de inverno.

O desejo de sua vida, de dias plácidos rodeados de netos e saudado em seus aniversários por antigos colaboradores que ainda lhe guardavam devoção, foi abaixo quando, em meados do ano passado, soube-se que apesar sua idade, continuava administrando uma fortuna de origem desconhecida em contas secretas no exterior.

Até os que haviam justificado as piores violações dos direitos humanos de sua ditadura não perdoaram Pinochet por ser corrupto e tomaram rapidamente distância, até deixá-lo na solidão que sofre hoje .

É evidente que a minha liberdade de escritor, permite-me citar a sua biografia dentro do texto, pela importância que tem a sua história de vida: É a segunda filha da antropóloga Angela Jeria e do General de Brigada aérea, Alberto Bachelet.

Seu pai, colaborador do Governo do socialista Salvador Allende, morreu sob tortura na prisão depois do golpe militar de 11 de setembro de 1973, e isso marcou a vida da nova presidente.

Quando começou a ditadura de 17 anos (1973-1990), ela cursava o quarto ano de Medicina na Universidade do Chile, tinha 22 anos e era militante das Juventudes Socialistas (JJCC).

A poucos dias do golpe, a jovem e seus companheiros de partido se organizaram para apoiar os perseguidos e, da clandestinidade, fazer oposição a Pinochet.

Um ano depois da morte de seu pai foi detida junto com sua mãe pela Polícia secreta e transferida para a "Villa Grimaldi", o pior centro de detenção da ditadura.

"Separaram-me da minha mãe. Começaram a me interrogar.

Torturaram-me... para mim, é difícil lembrar, como se tivessem bloqueado minhas más lembranças. Mas o que me aconteceu não foi nada perto do que sofreram outros", disse em entrevista.

Após serem liberadas, mãe e filha viajaram exiladas para a Austrália e depois a República Democrática Alemã, onde prosseguiu os estudos de Medicina na Humboldt Universität, de Berlim.

A actual presidente eleita voltou ao país em 1979, retomou seus estudos, obteve na Universidade do Chile o título de médica cirurgiã em 1982 e, a seguir, especializou-se em pediatria e saúde pública.

Também retomou a actividade política, trabalhou pelo retorno à democracia e colaborou com organizações não- governamentais que davam assistência a filhos de torturados e desaparecidos.

Com a restauração da democracia, em 1990, incorporou-se ao Ministério da Saúde, no qual desempenhou diversos cargos.

Filha de general, familiarizada desde criança com assuntos militares, Bachelet se interessou pela normalização das relações entre civis e militares.

Essa inquietação a impulsionou a realizar um curso sobre estratégia militar na Academia Nacional de Estudos Políticos e Estratégicos (Anepe).

Em 1997, fez outro curso no Colégio Interamericano de Defesa, em Washington, especialização que lhe permitiu trabalhar, no seu retorno a Chile, como assessora do Ministério da Defesa.

Paralelamente, Bachelet, que nunca deixou sua militância política, ocupou altos cargos no partido até que em março de 2000 o recém eleito Presidente da República, Ricardo Lagos, a convidara para ser membro do seu gabinete como Ministra da Saúde.

Notas:
 
Joaquin Lavin faz o possível para se demarcar do regime do Pinochet, mas a História da UDI é outra, que passo a citar: Unión Demócrata Independiente (conocida también por su acrónimo UDI) es un partido político chileno de derecha, surgido el 24 de septiembre de 1983, durante el régimen militar de Augusto Pinochet, para apoyar el gobierno y su continuidad. Su ideólogo fue el político Jaime Guzmán y sus orígenes se remontan al movimiento gremialista de 1966, caracterizado por sus posiciones favorables al libre mercado y su punto de vista conservador cercano a los valores cristianos en asuntos morales. Aunque sus adversarios dicen que el partido está implantado en la clase alta chilena, su origen «cosista» está centrado en el acercamiento a los sectores de clase baja y media.



En las últimas elecciones parlamentarias de 2005, la UDI obtuvo un 22,36% de los votos en la elección de diputados, siendo el partido con más sufragios del país. A partir de 2006 tiene 34 diputados y 9 senadores. La UDI es el partido político con mayor representación en el senado y en la cámara de diputados. Forma junto al partido Renovación Nacional, la coalición política Alianza por Chile. Por outras palabras, o ideólogo dos Liberais Conservadores do antigamente, é o ideólogo de Alessandri Rodríguez e da continuidade no poder do ditador. Ainda que experimente demarcar-se do Ditador, acaba por ser sempre identificado com ele, especialmente pela sua aliança com o partido Renovación Nacional, que teve um candidato oficial da ditadura, para as primeiras eleições de 1989, candidato já referrido, como derrotado por larga maioria pelo Primeiro Presidente eleito legalmente, Patrício Aylwin.

Digo segredo, apenas porque nenhum militar no activo pode pertencer a um partido político. A missão deles é defender ao País e é suposto que, se é parte de um grupo, defendería apenas aos seus...Factos que hoje em dia, não existem na maior parte dos Países Democratas


Retirado da página web: http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u90368.shtml ou Folha on-line, do Brasil, do dia 10/12/2005. O ditador morre a seguir, como já referido, no Domingo da comemoração dos Direitos Humanos, esse domingo 10 de Dezembro de 2006, ano em que a primeira mulher acede à Presidência do Chile. Michelle Bachelet, que diz: Michelle Bachelet, a primeira Presidente eleita do Chile, é pediatra, filha de um general torturado pela ditadura, exilada e ex-ministra da Defesa.

A futura chefe de Estado, de 54 anos, concentra "todos os pecados capitais no Chile" por ser mulher, socialista, separada e agnóstica, ironizou ela durante a campanha eleitoral.


Esta médica cirurgiã, pediatra e epidemióloga da Universidade do Chile domina seis idiomas, casou-se duas vezes e é mãe de três filhos. Retirado do jornal Últimas Notícias, Santiago do Chile,

A história da Universität Humboldt de Berlim, é narada em português na página web: http://pt.wikipedia.org/wiki/Universidade_Humboldt_de_Berlim


(Continua)

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