quarta-feira, 22 de dezembro de 2010


Dia de Lisboa - evocação. Afonso X, Fiama Hasse Pais Brandão, João Zorro e Teresa Salgueiro.

Carlos Loures



Música: Afonso X
Letra: João Zorro
Concepção: Pedro Caldeira Cabral
Arranjo: Jorge Varrecoso Gonçalves e Vasco Azevedo


É também uma cantiga de amigo (marinha), de dístico de rima toante (í-o e á-o), com refrão composto de duas partes (uma intercalada entre o 1º e o 2º verso do dístico e a outra no final da estrofe): fala a donzela (namorada) da sua decisão ou desejo de ir ver o barco / navio, que o rei mandou preparar para uma missão e nela deseja partir com o seu amigo. É seu autor João Zorro, o jogral de Lisboa e do Tejo (viveu certamente durante o reinado de D. Dinis), e sobretudo das suas barcas, tão bem evocadas no século XX por Fiama Hasse Pais Brandão. Encontra-se registada nos cancioneiros B (Biblioteca Nacional, nº 1157) e V (Vaticana, nº 759):

En Lixboa, sobre lo mar

Barcas novas mandei lavrar.
Ai, mia senhor velida!


En Lixboa,, sobre lo ler
Barcas novas mandei fazer.
Ai, mia senhor velida!


Barcas novas mandei lavrar
E no mar as mandei deitar.
Ai, mia senhor velida!


Barcas novas mandei fazer
E no mar as mandei meter.
Ai mia senhor velida!



 Fiama Hasse Pais Brandão (1938-2007)



Lisboa tem barcas novas





Lisboa tem barcas

agora lavradas de armas

Lisboa tem barcas novas
agora lavradas de homens


Barcas novas levam guerra
As armas não lavram terra


São de guerra as barcas novas
ao mar mandadas com homens


Barcas novas são mandadas
sobre o mar


Não lavram terra com armas
os homens


Nelas mandaram meter
os homens com a sua guerra


Ao mar mandaram as barcas
novas lavradas de armas


Barcas novas são mandadas
sobre o mar


Em Lisboa sobre o mar
armas novas são mandadas


Nota: Adriano Correia de Oliveira criou uma lindíssima versão musical deste tema. Não o encontrámos, no entanto, disponível.


2 comentários:

  1. Belíssimo!Não posso ficar aqui a noite toda. lamento!

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  2. Até aqui, Carlos, um trabalho primoroso da tua parte. Também tenho que ir dormir. Que pena! Oxalá me dê uma insónia. Por Lisboa até rogo pragas a mim própria.

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