quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Coimbra , cidade real

José Hermano Saraiva






Mudou de mãos várias vezes e só em 10… foi definitivamente incorporada no domínio cristão, sob o governo prudente do moçárabe Sesnando.


O fundador da monarquia habitou muitas vezes a alcáçova da cidade e quis ter sua última morada na Igreja do Mosteiro de Santa Cruz, cuja fundação promoveu em 1132. E fizeram-lhe essa vontade. A modesta sepultura foi transformada, no século XVI, por este esplendoroso monumento. Os documentos, e quando eles faltam a tradição dá como nascidos em Coimbra, o filho de D. Afonso Henriques, Sancho I; o neto, Afonso II; o bisneto, Sancho II; o outro bisneto que destronou o irmão, Afonso III; o trineto, D. Dinis; o tetraneto, Afonso IV; o tetraneto, Pedro o Cru, e o filho deste D. Fernando, todos nasceram em Coimbra. O irmão bastardo de D. Fernando, Mestre de Avis, não se sabe onde nasceu, mas é certo que quando a revolução lhe entregou o trono, escolheu para lugar de eleição a cidade de Coimbra. E desse modo nasceu aqui a segunda dinastia real portuguesa.


Não pode falar-se em capital, porque nos séculos medievais a corte era ambulante. Mas existia uma cidade cabeça do reino de Portugal. E essa cidade era Coimbra.


(in Histórias de Cidades)


Ouçamos uma composição de um ilustre filho de Coimbra, um dos grande poetas medievais portugueses  - Dinis, assim se chamava.


-Ai flores, ai flores do verde pino,
se sabedes novas do meu amigo?
Ai Deus, e u é?


Ai flores, ai flores do verde ramo,
se sabedes novas do meu amado?
Ai Deus, e u é?


Se sabedes novas do meu amigo,
aquel que mentiu do que pos comigo?
Ai Deus, e u é?


Se sabedes novas do meu amado,
aquel que mentiu do que mi há jurado?
Ai Deus, e u é?


 -Vós me perguntades polo voss' amigo,
e eu bem vos digo que é sã e vivo.
- Ai Deus, e u é?


-Vós me perguntades polo voss' amado,
e eu bem vos digo que é viv' e são.
-Ai Deus, e u é?


-E eu bem vos digo que é sã e vivo,
e seerá vosc’ ant' o prazo saido.
-Ai Deus, e u é?


-E eu bem vos digo que é viv' e são,
E será vosc'ant' o prazo passado.
-Ai Deus , e u é!


D. DINIS > (1261- 1325)






Cappella Bracarensis - "Ai flores do verde pino" - D.Dinis/M.Carneiro












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