quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

A nossa encantadora Natureza 14 – Joaninha

Andreia Dias


Todos tivemos uma joaninha a passear-se pelas mãos quando cantarolávamos “Joaninha, voa, voa que o teu pai foi “pra” Lisboa”… eu achava que Lisboa era muito longe… e até tinha pena da Joaninha … mas perguntava-me “ E as joaninhas de Lisboa, para onde vão? Ou não haverá joaninhas em Lisboa?”.


A inocência da infância fazia-me sonhar junto das joaninhas… porque voam, e tudo o que voa é livre…além disso são giras!






“Joaninha” é o nome popular dos insectos coleópteros da família Coccinellidae (apresentam o par de asas anterior endurecido, os élitros, como os escaravelhos). Possuem um corpo semi-esférico, cabeça pequena, 6 patas muito curtas e asas membranosas muito desenvolvidas, protegidas por uma carapaça quitinosa que habitualmente apresenta cores vistosas. Estas cores são utilizadas para dissuadir os predadores. Na realidade querem dizer: “Não me comas que tenho um péssimo sabor!”. Além disso, para se defenderem, podem ainda deitar-se com o abdómen para cima e libertar um líquido com um odor desagradável, fingindo-se mortas e desviando a atenção do predador.


Mas o espelho desta criatura amorosa é o de um voraz predador…e ainda bem! As joaninhas são extremamente importantes para controlarem pragas, já que se alimentam de afídeos, moscas da fruta, pulgões (podem comer até 50 por dia), ácaros, piolhos das folhas e outros insectos, a maioria deles nocivos para as plantas, e ainda pólen e néctar. São muitas vezes produzidas e introduzidas em plantações, para fazerem o controlo biológico das pragas, sem ser necessário o recurso a controladores químicos nocivos que são uma ameaça à sua sobrevivência.


É muito importante ter atenção para não se introduzirem espécies exóticas uma vez que estas podem tornar-se elas mesmas uma praga, provocando o desaparecimento das espécies nativas e levando a um desequilíbrio na cadeia alimentar do ecossistema.


Curiosidades: no início do século XIX, joaninhas salvaram a produção de laranjas da Califórnia ao comerem os insectos que destruíam a fruta. É conhecida por “boas-novas” ou no Brasil como “vaquinha”. Em inglês, o equivalente à nossa lengalenga conhecida, será “Joaninha vai-te embora / Tens a casa a arder/ E os teus filhos a morrer” e refere-se à antiga prática de queimar as hastes do lúpulo após as colheitas, hastes essas que serviam de casa a milhões de joaninhas. Em muitas culturas são símbolo de sorte e fartura.

7 comentários:

  1. E é verdade que eu já assisti a uma verdadeira praga de joaninhas. Quando era miúda houve uma praga tão grande de joaninhas em Lisboa que os carros eléctricos da Carris andavam com os vidros das janelas pejados de joaninhas.Hoje trouxeste um bichinho bem giro. Apareceu-me aqui uma em casa outro dia, mas não as tenho visto ultimamente.

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  2. Joaninhas, lindas, maravilhosas, nos campos verdes da minha infância...

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  3. Interessante como sempre Andreia. E a grande valia que nos trazes é recordar-nos que todos os seres vivos têm um importante papel neste planeta. Se calhar, bem mais importante do que o do homem.

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  4. :-), todos temos o nosso papel... alguns não sabem é qual...
    Augusta, agora não as vês por causa do frio... deixa chegar a Primavera...
    Votos de um Feliz Natal para todos, que também nos faz recordar a infãncia...

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  5. Na minha canção era: Joaninha, avoa, avoa, leva esta carta a Lisboa...e a joaninha voava por entre as nossas mãos...

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  6. Em miúda pensava que as joaninhas eram a versão animal das papoilas que apareciam só em determinada época do ano (achava eu que era por serem vermelhas). Bem diferente das formigas, bichinhos de conta e dos engraçados gafanhotos verdinhos

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  7. Os vossos comentários são um doce...
    Acabo de escolher a joaninha como "Mãe-Natal" dos insectos... até já está de vermelho...:-)

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