terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Aproveitar a política para fazer pobreza...

Luis Moreira

No blogue o abade de travanca escreve-se a frase da semana: "Mais grave do que aproveitar a pobreza para fazer política, é aproveitar a política para fazer pobreza".

Agora, perante a pobreza que já não se esconde, a palavra de ordem é não falar nela. Nem falar nas organizações da sociedade civil que distribuem refeições quentes ou nas iniciativas como "as sobras" das cantinas e restaurantes. Varrer para baixo do tapete, mais uma vez.

O que se esperava quando equilibrar o déficite corresponde a cortar nos salários, nas pensões, nos subsídios que mesmo sem cortes já não asseguravam uma vida digna? Onde está a reestruturação da administração pública, com o seu cortejo de fundações, comissões, direcções gerais e os ordenados principescos dos gestores das empresas públicas...?

Quando a Educação melhora os seus índices ( aplaude-se, obviamente) defendem-se como sendo resultado das políticas governamentais, quando a pobreza aparece, faz-se de conta que não existe.

Este é o mais recente "slogan", quem falar de pobreza está a fazer política com a pobreza, não falar dela ( a pobreza) não está a fazer política, não senhor . Uma poderosa máquina de esconder, manipular, mentir ...

Ainda as medidas políticas de pobreza pouco fizeram e já se percebeu os terríveis efeitos que vão ter numa sociedade ainda tão carenciada como a nossa, onde dois milhões de pessoas permanecem na pobreza, alguns mesmo trabalhando. Mas o "diapasão" está já a ser utilizado, não há pobreza nenhuma, o bispos não têm razão, a oposição também não, as associações de ajuda humanitária são dependentes do Estado, e assim por diante...

Por isso, minha gente, se virem algum vizinho ou amigo, vender o carro, tirar os filhos do colégio, despedir a mulher a dias, tirar a mãe do lar, já sabem, estamos perante um perigoso comunista, social-democrata ou, até mesmo, um neo-liberal.

Como se a implosão social que já se vê em outros países não chegue cá, os próximos três meses com as medidas a terem o efeito em pleno na vida das pessoas, com a procura interna a decrescer, o desemprego a crescer, a produção de riqueza a cair, só nos faltava mesmo era estarmos proíbidos de nos indignarmos.

1 comentário:

  1. Em finais de Abril apareceu na minha paroquia um casal para entregar uns cartazes. La lhes disse onde era e aquilo foi entregar e meia volta volver. Num instante já estavam perto de mim e começamos de conversa. Lá me contaram a história da sua vida, o terem começado a namorar, o como ficaram noivos e... o desejo de casarem nas noivas de Santo António mas ... a comunidade Vida e Paz quis que eles casassem na festa de Natal.
    É isso mesmo estou a falar da Filipa e do Paulo que... lhes escolheram outra data para casar.

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