terça-feira, 5 de outubro de 2010

Terreiro da Lusofonia - Luís Veiga Leitão



Hoje desce ao Terreiro um poeta português - Luís Maria Leitão (Moimenta da Beira, 1912 — Niterói, 1987), conhecido sob o pseudónimo de Luís Veiga Leitão.

Poeta e artista plástico, foi um dos fundadores do grupo literário Germinal. Activista político, antifascista, esteve preso em 1952. Dessa experiência resultou a colectânea poética Noite de Pedra, apreendida pela censura Com Egito Gonçalves, Daniel Filipe e outros, criou as Notícias do Bloqueio, uma série de fascículos publicada no Porto, entre 1957 e 1961, onde se reunia a criação poética de diversos autores.

Foi colaborador das revistas Seara Nova, Vértice, entre outras. Poeta neo-realista, os seus poemas incorporam linguagens e técnicas subsidiárias de outras correntes, tais como o surrealismo. Em 1967 foi para o Brasil, onde viveu até 1977 e onde morreu.



Obras principais: Latitude (1950); Noite de Pedra (1955); Ciclo de Pedras (1964); Longo Caminho Breve. Poesias Escolhidas (1943-1983); Biografia Pétrea, (1989); Rosto por Dentro (1992); Linhas do Trópico (1977); Livro de Andar e Ver (1976); Livro da Paixão (1986); Obra Completa, (1997). De Ciclo de Pedras seleccionámos este poema:

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A uma bicicleta desenhada na cela

Nesta parede que me veste
Da cabeça aos pés, inteira,
Bem hajas, companheira,
As viagens que me deste.

Aqui,
Onde o dia é mal nascido,
Jamais me cansou
O rumo que deixou
O lápis proibido…
Bem-haja a mão que te criou!
Olhos montados no selim
Pedalei, atravessei
E viajei
Para além de mim.

9 comentários:

  1. Grande poeta e grande resistente antifascista. Quando vou ao Porto lembro-me dele, do Egito Gonçalves, do Jaime Isidoro, do Papiniano Carlos que, felizmente ainda vive...

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  2. Falei uma única vez ao telefone com o Egito Gonçalves, por uma ssunto que não vem aqui à baila, e fiquei com a ideia duma pessoa encantadora e duma grande simplicidade.

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  3. Um dia destes, embora por razões diferentes, também te podes lembrar de mim ou do meu pai, que temos todo o gosto em convidar-te para um almoço.

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  4. A quem é que estás a convidar, Marcos? Podias ser mais explícito? :)

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  5. Não fiques preocupado, Marcos. Eu sei que era ao Carlos. Estava a brincar.

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  6. Nada disso. Era ao Carlos, mas renovo-o a ti, naturalmente.

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  7. Muito obrigado, Marcos. É evidente que, a primeira vez que vá ao Porto, reservarei tempo para estar convosco. Há já, felizmente, muita gente do Porto no Estrolabio. O próximo almoço está previsto para o Centro Galego, aqui em Lisboa. O terceiro pode ser no Porto. Faz todo o sentido.

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