Carlos Mesquita
A professora Bruna posou nua, aconteceu em Mirandela, e tal como no “Aconteceu no Oeste” ainda se assobia a banda sonora; do filme de Sergio Leone perdura a trilha memorável de Ennio Morricone, a dança da morte, a gaita; para a professora de música da Torre Dona Chama tem sido tudo uma gaita, e assobios, de piropo e de apupo.
Modelos de nu existem há séculos, estão aí na pintura e escultura de quase todos os tempos. Com o advento da fotografia, e depois do cinema, o nu passou a trivial como forma de expressão artística, mas também na mercantilização da imagem sexual, principalmente da mulher. A saturação levou o comércio do nu a vestir o corpo feminino com adereços e enquadramento cénico que sugerissem permissividade sexual, a lascívia dum olhar e a pose pudica de tantos nus, deram lugar ao ornato fetichista e postura oferecida; a mulher servida como um naco Mirandês. Que um nu pode ser belo, erótico ou pornográfico, são classificações subjectivas eivadas de preconceitos, e depois, quem tem a justa medida para rotular o que é de bom ou mau gosto?
Eu diria que a professora como modelo é muito fraca e o fotógrafo um desastre, só podia resultar uma piroseira rasca, mas aceito quem entenda o contrário, este tipo de “arte” tem os seus clientes. Há quem tenha ficado escandalizado, encolhido os ombros ou partido para o apoio militante à professora, diz mais de todos nós que do acontecimento. Os alunos são uma desculpa, qualquer miúdo tem acesso a sexo explícito na Internet, como sempre houve à pornografia por outros meios, não é demonstrável a deterioração da relação de trabalho entre um professor e os alunos por uma causa destas, depende dessa convivência e os jovens são pouco preconceituosos. A justificação do meio pequeno atrasado e fechado de Trás-os-Montes já não colhe e chega a ser ofensivo. Falatório há em todo o lado, a Playboy portuguesa é uma revista tacanha e ultrapassada editada na capital, província para o império Playboy é Portugal inteiro. Se houve alarme social foi provocado pela reacção violenta da câmara, presidida por um caso raro, que ainda há pouco defendia que a sua região não precisava de boas acessibilidades, porque as estradas sendo boas permitiam que os seus munícipes abandonassem mais facilmente a região. Isso é que é ordinário. Depois, aconteceu alguma coisa à professora Clara Pinto Correia que retratou os seus orgasmos e viu o Centro Cultural de Cascais expô-los, assim como tudo que é publicação? Não andam ao mesmo? A diferença entre as caretas da Clara e a perna aberta da Bruna só pode ser o estatuto, e não é o polémico estatuto dos professores, será o jeito para conseguir boa ou má notoriedade, e nisso umas possuem o toque de Midas e outras o toque de merda; é essa a gaita.
terça-feira, 25 de maio de 2010
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A propósito de «Aconteceu no Oeste»,de Sergio Leone, talvez o mais famosos western spaghetti, falámos das inesquecíveis sessões do Imagem, cineclube de que eu e o Carlos Mesquita fomos sócios. E o Mesquita lembrou-se do ciclo de western que o Imagem organizou e on «C'era una volta il West» foi incluído; e eu lembrei-me de outro filme desse ciclo - «A Quadrilha Selvagem», do Sam Peckinpah... Nesse tempo, há 30 e tal anos, as professoras não posavam nuas para a Playboy (infelizmente) e nós éramos devotos do bom cinema.
ResponderEliminarErrata:
ResponderEliminar«onde «C'era una volta...» etc.
E a revista esgotou1Alguem a comprou!
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