Andreia Dias
E porque não uma vaca? Uma vaca de raça autóctone, a Arouquesa…talvez por isso os naturais de Arouca, prefiram ser conhecidos como “Arouquenses” e não “Arouqueses”, embora ambas as designações estejam correctas. No entanto, não negam o orgulho que têm na raça e no turismo que os seus derivados gastronómicos trazem à região.
Sempre que falo destas vacas, remonto à infância, que não foi há muito tempo… relembro os piqueniques de Domingo com a família na Serra da Freita. Ar puro, águas saltitonas dos ribeiros, tilintar das campainhas das vacas e das cabras, e huumm… o cheirinho a bosta! O crepitar da carqueja em flor e os tapetes de urze…
É interessante como tipicamente ostentam belos conjuntos de campainhas e não os tradicionais badalos. Estes conjuntos de campainhas estão presos numa coleira de couro decorada com motivos variados e giríssimos!
São animais de pequeno porte e de corpulência mediana, dóceis mas enérgicos. Estão perfeitamente adaptados à serra e ao clima agreste. Faz parte do quotidiano da Serra da Freita vê-las saírem de manhã cedo dos currais para pastarem na serra e regressarem sozinhas a “casa” ao entardecer. Pachorrentas mas de uma independência extrema.
Estes animais de grande robustez física são explorados pela carne, leite e pelo trabalho de tracção na agricultura.
Refiro a sua existência na Serra da Freita, mas na realidade a área de dispersão é mais vasta (distritos de Viseu, Aveiro, Porto e Braga).
Que bom poder continuar a observar a Serra da Freita pintalgada destas simpáticas vacas, apesar dos inúmeros incêndios que fustigam anualmente todo o coberto vegetal destas zonas… são uns heróis, estes e outros animais, que nesta e em zonas semelhantes, procuram o tufinho de ervinha fresca que teima em brotar entre duas pedrinhas que rebolaram da lixiviação do solo após uma grande chuvada de Inverno. Luta vaquinha, luta!
segunda-feira, 6 de dezembro de 2010
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Que lindo texto Andreia! E logo sobre a minha adorada Serra da Freita que eu conheço palmo a palmo, desde a minha juventude, idade em que ao escalar o monte S. Pedro Velho nos sentíamos, de verdade, a tocar no céu. Sou do tempo em que os cobertos das casas destas aldeias, como a da Mizarela (ou Mijarela)que se vê na foto, eram de colmo e xisto. O pouco vinho que ali se fazia era guardado em odres de pele de cabrito. As pessoas vestiam burel, e ninguém sabia, por exemplo, o que era uma banana. Só dali saíam uma vez ou outra para ir à feira ou às sortes (á inspecção). Quantas vezes por ali andei, no início da minha carreira de médico, a ver doentes e a fazer partos à luz da candeia e do petróleo. Ainda hoje, tantos anos passados, tenho imensos doentes oriundos dessas serranias e de outros contrafortes dessa maravilhosa Serra da Gralheira. E as vacas da minha juventude eram as mães e as avós destas, com o mesmo porte nobre e plácido que a solidão da serra lhes dá. Um beijinho, Andreia,pela ternura que imprimes nestes teus textos.
ResponderEliminarQue inveja tenho de não ter vivido nesses tempos, que embora duros, ensinaram tão bem a valorizar as gentes da terra... Um beijinho enorme!
ResponderEliminarCá está a nossa maravilhosa Andreia com os seus magnifícos textos.Influenciam mais do que parece, vamos tomar uma decisão no estrolabio de fundo por termos ficado apaixonados pelo texto do batráquio da Andreia...:-)
ResponderEliminarQue lindo texto! Até sinto o fresco desse ar puro. Um beijinho, Andreia :)
ResponderEliminarLuís, ainda estou agarrada à barriga, a rir...
ResponderEliminarAugusta, é só combinar a visita guiada...
Um beijinho...
Só se alugares um helicóptero, Andreia :)) O Adão diz que é preciso escalar montes. Também estou cheia de curiosidade de saber qual vai ser o papel do sapo.
ResponderEliminarQual sapo? Batráquio da Andreia!Aquele onde se esconde um principe que se anda a atirar à sapa do texto da Carla. Não te lembras desses amores?Olha, eu perdido de inveja não me esqueço...:-(
ResponderEliminarQue história é essa? Não conheço.Ou não me lembro. Histórias de amor é contigo, Luís.
ResponderEliminarTexto muito bonito. E o final é uma ternura.
ResponderEliminarA nossa Serra ensina a ser poeta.
É um fascínio tal, que nos faz ver "moínhos de vento".
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