Carlos Loures
Jack Nicholson fez, em 22 de Abril passado, 73 anos. Nasceu em Nova Iorque filho de uma jovem americana, descendente de ingleses e de iranianos. Jack foi criado pelos avós. Aliás, a sua história é «nicholsiana»: só em 1974, com 37 anos soube que sua «irmã mais velha» era, na realidade sua mãe, e que «os seus pais» eram os seus avós. A sua biografia daria, pelos vistos, um bom filme.
A primeira vez que reparei em Jack Nicholson foi em «Chinatown». Já o tinha visto noutros filmes, tais como «O Massacre de Chicago», mas não dera por ele. Em 1975, em pleno «Verão Quente», quando pensei ir de férias para o estrangeiro, fui aconselhado a não sair do País. A guerra civil podia eclodir de um momento para o outro. Fui para Sines em Agosto e todos os dias ligava para Lisboa a saber como estavam as coisas. Mal , mas iam-se aguentando.
À noite íamos ao cinema e foi no velho «Vasco da Gama» que vi o «Chinatown», de Roman Polanski, um filme do ano anterior. Nesta cena que escolhi, além de Nicholson, podemos ver Polanski, rasgando o nariz a Jack, e, na cena seguinte Faye Dunaway e John Huston. Fixei o nome do actor – Jack Nicholson. Nunca mais deixei de ver os seus filmes e nunca fiquei desiludido. Mesmo quando os filmes não eram muito bons a sua interpretação era sempre excelente. Pouco depois, foi o «Voando sobre um Ninho de Cucos», de Milos Forman. Vi o «The Shining», de Stanley Kubrick, num fim de tarde 1980, uma quinta-feira, num cinema (Terminal) que funcionava na estação do Rossio. Quando sai, notei uma agitação estranha, grupos falando à porta dos cafés. Sá Carneiro tinha morrido. Refiro estes exemplos, pois lembro-me dos filmes de Nicholson e dos dias em que os vi. Tendo um certo pendor para representar papéis de psicopata ou de maníaco depressivo, não é dos actores mais plásticos, mais versáteis. Mas é um grande actor.
Nunca mais deixei de seguir a carreira de Nicholson e nunca me desiludiu - «Laços de Ternura», «Questão de Honra», «Melhor é impossível», »Antes de Partir»… Nem falo nos Óscares que ganhou, pois acho que para o que quero dizer, não contam. E onde quero chegar é : às vezes temos tendência para generalizar e dizemos coisas do género - «os americanos são estúpidos». Estamos a esquecer-nos de grandes escritores, de cientistas, de actores como Meryl Streep, Robert DeNiro, Dustin Hoffman, Sally Field, Danny Devito, Woody Allen, Jessica Lange, Al Pacino e tantos outros. A sociedade americana poderá ser essencialmente estúpida. No entanto, também produz gente de grande qualidade. Como o Jack.
Jack Nicholson é um actor de uma elevada craveira, pelo qual tenho uma profunda admiração. E, no Museu da Madame Tussaud, adivinhem com que actor de cera pedi para fotografarem? Mas não encontrei essa fotografia.
segunda-feira, 10 de maio de 2010
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Tambem vi estes filmes todos.O Jack é uma força da natureza.
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