domingo, 27 de junho de 2010

Outra Constituição, outra Democracia, uma Terceira República – 40

Carlos Leça da Veiga

O substrato mafioso do neoliberalismo económico (Continuação) 



Essas particularidades e circunstâncias eram, e são, pormenores históricos com valia avultada, impossíveis de serem ignorados, muito menos, de não serem uma constante política irredutível e insusceptível duma qualquer mudança de direcção, muito menos se conduzida ao sabor duma qualquer importação alienígena que, sem respeitar a expressão livre da vontade democrática da população portuguesa, possa atingir – como está a acontecer – a própria feição cultural nacional radicada, apesar de tudo e contra tudo, numa sua matriz universalista, velha de séculos, possuidora de singularidades muito eficientes, mau grado o desprezo a que tem sido votada, contra a melhor corrente da História, desde que, após a Descolonização, passou a dispor de potencialidades internacionais perfeitamente ímpares e muito positivas. Em que Estados há só uma Nacionalidade?

Portugal, a população portuguesa, mau grado sujeita, ao longo dos séculos, aos flagelos de variadas intermitências históricas capazes, cada qual, das piores alienações políticas e culturais, agora, nos anos derradeiros, depois da esperança vivida com a Libertação Democrática do 25 de Abril, retrocede e, mais uma outra vez, aparece molestada pela invasão insidiosa, aliás intencional, dum aculturação importada que, mal vão os tempos, persiste em fixar-se e avolumar-se para, por fim, tudo conseguir descaracterizar.


Quaisquer soluções arquitectadas pelas mentes dos chamados economistas – é uma experiência com um ror de anos – está condenada ao fracasso.

Não há memória dalguma vez terem acertado nos prognósticos propostos.

Não há uma ciência económica mas sim avaliações estatísticas deduzidas numa fase posterior aos acontecimentos que, quando muito, caracterizarão o acontecido, jamais aquilo previamente antevisto, nunca o que, na realidade, irá acontecer e muito menos – a ideologia não tem permitido – a razão mais plausível dos falhanços dos acontecimentos transactos. Desde uma nomenclatura exaustiva e hermética para designar as contingências mais vulgares do deve e do haver dum qualquer contabilista até aos embustes teóricos mais rebuscados sobre as recessões, as retomas, as inflações, as deflações e os ciclos, tudo é imaginado – tem de reconhecer-se – na certeza de ser obrigatório garantirem-se as mais valias aos proprietários do investimento para cuja protecção especial há, em permanência, economistas de serviço e, caso disso, as forças da ordem. Com toda a legitimidade, perguntar-se-á se a economia é, ou não, um serviço, com aparência científica, prestado em concordância total com a vontade interessada dos possidentes? Tudo é desenhado para dar lucros a uns poucos e, fazê-lo, à custa de muitos. O contrário, uma economia a sério, isso nunca foi visto.

De Portugal, anos atrás – é uma minha repetição – bem podia dizer-se que era um país de juristas, colonialista e militaristas mas que, tal foi a mudança para pior, passou a ser, em exclusivo, de economistas e de gestores, contudo, triste realidade, daqueles mais dados a oportunismos e compromissos imperdoáveis.

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