segunda-feira, 5 de julho de 2010
Papiniano Carlos está hoje no Terreiro da Lusofonia
Papiniano Carlos, nasceu em 1918 em Lourenço Marques (Maputo),. Estudou Engenharia na Faculdade de Engenharia do Porto. Ligado ao movimento neo-realista, foi colaborador da "Seara Nova", da "Vértice" e do "Jornal de Notícias” e de outras revistas e jornais. Para além da poesia, obtiveram muito êxito as suas histórias infantis.
Obras publicadas: Esboço, (1942); Estrada Nova, (1946); Terra com Sede, (1946 ); Mãe Terra, (1952); Caminhemos Serenos, (1957); Uma Estrela Viaja na Cidade, (1958); A Menina Gotinha de Água (1962).
Este é talvez o seu poema mais emblemático, aquele que logo nos ocorre quando falamos de Papiniano Carlos.
Caminhemos Serenos
Sob as estrelas, sob as bombas,
sob os turvos ódios e injustiças,
no frio corredor de lâminas eriçadas,
no meio do sangue, das lágrimas
caminhemos serenos.
De mãos dadas,
através da última das ignomínias,
sob o negro mar da iniquidade
caminhemos serenos.
Sob a fúria dos ventos desumanos,
sob a treva e os furacões de fogo
aos que nem com a morte podem vencer-nos
caminhemos serenos.
O que nos leva é indestrutível,
a luz que nos guia connosco vai.
E já que o cárcere é pequeno
para o sonho prisioneiro,
já que o cárcere não basta
para a ave inviolável,
que temer, ó minha querida?:
caminhemos serenos.
No pavor da floresta gelada,
através das torturas, através da morte,
em busca do país da aurora,
de mãos dadas, querida, de mãos dadas
caminhemos serenos.
Ouçamos uma obra muito conhecida de Papiniano Carlos – A Menina Gotinha de Água, com música de João Filipe (excerto do CD "Cantarolando”).
Etiquetas:
ethel feldman poesia,
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papiniano carlos
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Poeta notável de que se fala pouco, Papiniano Carlos foi, durante a longa noite da ditadura, uma das vozes que deram voz aos que a não tinham. Esta é uma pequena homenagem que o Estrolabio lhe presta.
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