terça-feira, 27 de julho de 2010

Pecadores

António Sales


Pai, perdoai os meus algozes,
disse Jesus
abençoando-os com a paz da oração
ao abrigar
os desgraçados no perdão.

Braços abertos pelos cravos
de uma cruz,
guardou em si o sacrifício do gesto
fraternal
enquanto despertava a luz do coração.

Os espíritos do mal ficaram confundidos.
A humildade
espelhada nas palavras do amor
clamava:
Deixai vir a mim os pecadores.

Sócrates, não o filósofo grego
mas o outro,
o que ajudou a pôr o país no prego,
estendeu
os braços num gesto teatral.

Agigantou-se ao sol o seu sorriso
imperador
iluminado por fortes projectores,
e arrebatado clamou:
Deixai vir a mim os eleitores.

2 comentários:

  1. Muito bem, Sales. Já o disse antes: como poeta, estás a ser uma (boa) surpresa. Havemos de pensar numa antologia da poemas e textos poéticos aqui publicada. Pequena tiragem, comprada pelos estrolábicos para oferecerem a amigos (na quadra natalícia, talvez não - a nossa poesia pode estragar o Natal às criaturas!)

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