Ethel Feldman
Minha mão em mim
Veludo , seda, carmim
Passado pintado
Com tinta nanquim
Rimando Agosto
te inspiro
abraço o verso
expiro
Num só gesto
ideograma do tempo
preto no branco
pincel lavado
em tinta nanquim
sábado, 17 de julho de 2010
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Comungo com o Carlos Loures o facto da edição electrónica ser irreversível e os Editores de livros impressos, terem de aprender a conviver com essa realidade.
ResponderEliminarAtravés do blogue tu estás já a fazer a edição da tua obra.
A vantagem é ser lida por mais pessoas, que vão ter o privilégio de poder desfrutar da sensibilidade da tua poesia.
A desvantagem é, por enquanto, o escritor não ter ganhos económicos.
Eu considero-me um privilegiado e por isso te peço que continues a publicar a tua obra
Que pena que eu tenho de não vos ter conhecido no almoço! O Carlos velho amigo do meu pai, conheço-o há já um bom par de anos.
ResponderEliminarE tu, Luis, sempre tão gentil nos teus comentários perdi a oportunidade de poder te agradecer pessoalmente. Assim recebe o meu abraço, pois os teus comentários motivaram-me a não perder o ânimo.
Vezes sem conta reflecti se não seria uma vaidade absurda e censurável que me levava a querer ser publicada. Eu penso que não. Fiz um blog meu, que deve ser dos blogs mais solitários da blogosfera :). Mas ele ajuda-me como backup, caso eu perca tudo de uma só vez.
Com o estrolábio comecei outra aventura: um livro, que nesse momento deixa-me tonta. Assim como se a poesia me desse oxigenio, de vez em quando ela aparece a ajudar-me a respirar.
Acredito no livro electronico. Talvez seja a janela para muitos talentos não editados. Não sei bem o que os blogs fazem nesse sentido. Mas acho que deves saber bem melhor do que eu.
Ontem recebi por mail, uma crónica de um grande jornalista brasileiro, Alberto Dines, dando conta da morte em edição impressa do tradicional Jornal do Brasil, onde trabalhei 3 anos. E a notícia foi dada como se fosse um anúncio de uma coisa banal. O jornal do Brasil foi comprado por um empresário que nunca esteve ligado ao ramo. E se falamos em prejuízos fala-se em morte.Neste caso a morte sequer teve direito a uma homilia.
Se a lógica de vender livros for a mesma que a de vender um detergente, então o livro de auto-ajuda, ou a menina de programa que faz um diário a contar a sua intimidade têm muito mais possibilidades de serem editados. Mas essa conversa é longa e se calhar de dificil acordo.
E o teu elogio, fez-me vomitar o verbo assim!
Obrigada!
Ethel, Luís, o diálogo passa a triálogo. O ambicionares que o que escreves seja publicado, não é uma «vaidade absurda» e muito menos «censurável» - é aquilo que todos os que escrevem desejam - publicar, ou seja, chegar ao público.
ResponderEliminarAgora o que é preciso compreender é o papel do editor no circuito do livro, nessa viagem entre a produção do escritor e o leitor. O editor, o "publisher", está no centro dessa comunicação entre autor e público; a montante e a juzante existem outros agentes - simplificando e começando pelo agente literário (cujos serviços só os autores mais comerciais têm necessidade de utilizar), passando por quem na editora faz a leitura de originais, pelo sector de marketing,
pela oficina gráfica, pelo serviço de distribuição e logística e, finalmente, pelos pontos de venda. Em suma, o livro é um produto e, sim, Ethel, qualquer editor dará preferência a um diário do Cristiano Ronaldo escrito por um qualquer jornalista anónimo, relativamente a um bom livro de um autor desconhecido e estreante. Qualquer editor, não é bem assim - há (houve) editores kamikazi, que publicam aquilo de que gostam sem curar de saber se vão vender ou não. São intelectuais meritórios e abnegados, mas não são editores. Ao fim de publicarem alguns livros, fecham o estaminé - o dinheiro acabou-se e têm de pagar a armazenagem dos milhares de livros (todos eles excelentes) que produziram e não venderam.
Quem podia resolver este problema era o Ministério da Cultura - subsidia peças de teatro e filmes (por exemplo) que só meia-dúzia de diletantes vão ver. Com menos dinheiro, podia subsidiar a publicação de livros de autores não-comerciais (teria de haver quem ajuizasse do mérito das obras. Esta era a solução - pequenas tiragens, um circuito comercial que beneficiasse das sinergias com serviços públicos (os CTT, por exemplo), promoção feita nos meios de serviço público (a RTP), etc.
Portanto, Ethel, não é difícil haver acordo logo que tu compreendas que a edição é um negócio e que não podes exigir a nenhum negociante, seja de que ramo for, que tenha como objectivo perder dinheiro, mesmo que «a bem da cultura».
A edição electrónica pode ajudar a resolver este impasse, desde que se criem os meios técnicos para fácil, rápida e economicamente, transformar um e-book num livro convencional. Os meios existem, mas a produção e venda "on demand" tinha de ser agilizada.
Mas, Ethel, estás a provar que sabes escrever e de que tens um público - dez, cem pessoas? As que forem - são o teu público. Este é um dado positivo que não deves desprezar. A conversa vai longa e o acordo é irrelevante. Lá fora, a realidade é o que é.
:) Longe de mim pedir a quem quer que seja que perca dinheiro. Meu querido Carlos, o que eu penso e não sei qual a solução é que o negócio da edição não pode ser igual ao de outro produto qualquer. Cultura e sabonete não podem ser a mesma coisa, penso eu.
ResponderEliminarFico feliz quando o editor tem lucro, ou até quando consegue não ter prejuízo. É a esperança do escritor. Nem sei se é justo da minha parte desprezar os livros que são à partida comerciais - talvez através deles se possa divulgar outro tipo de literatura.
O que me faz mesmo impressão é quando o pendulo fica avariado e só publica, em exclusivo, o que apresenta pouco ou nenhum risco.
Numa sociedade como a nossa, em que cada vez se pede mais que não se viva do Estado, onde os subsídios diminuem, não me parece que tenhamos muitas alternativas a não ser de pedir aos empresários uma quota parte de responsabilidade, da mesma forma como exigimos uma gestão mais responsável com o ambiente. A cultura ajuda a respirar...
beijo
Mas é um negócio igual a qualquer outro, Ethel. O produto é diferente, mas o editor, ou tem lucro ou tem de fechar a porta. Há grandes editores que publicam autores que dão prejuízo, mas que prestigiam a casa - digamos que é um investimento, uma operação de marketing. Se alguém tem obrigação de proteger a cultura e a especificidade do negócio do livro é o Estado, o Ministério da Cultura, por exemplo. Porque ninguém impede os autores de ser simultaneamente editores e de editarem os seus livros.
ResponderEliminarComentando uma destas nossas troca de impressões, o nosso José Brandão dizia que os editores fazem edições de 500 exemplares para autores que vendem muito mais. Se assim é, estão a cometer um grave erro comercial ou então não querem arriscar. Esclareça-se que não tenho procuração dos editores para os defender e sou um dos que sãao prejudicados pela ausência de uma verdadeire política do livro por parte das entidades competentes. Porque, como dizes, a cultura ajuda a respirar.
É verdade que o Estado (que tem como receita os nossos impostos) não tem que proteger tudo e todos. Mas tem o dever de proteger a Cultura - se paga a montagem de peças que quase ninguém vê e a produção de filmes que idem, também pode participar no esforço editorial (nem que seja através de compras institucionais); não se peça é ao editor que pratique mecenato. Essa não é de todo a sua função. Exigir-lhe uma gestão responsável (e conhecimentos específicos da profissão, como se exige para montar uma farmácia); essa gestão responsável, a ser controlada, iria limitar radicalmente o volume de livros editados. A "incompetência" de alguns editores traduz-se em edições que, por falta de qualidade ou de condições comerciais, não deviam ser feitas.
Estou de acordo contigo quanto ao papel que deve ser reservado ao Estado que cada vez mais protege menos a cultura.
ResponderEliminarQue venha o livro electrónico e que o mesmo possa abranger um numero maior de editáveis.
Sonhei com uma sociedade diferente desta onde vivemos...