domingo, 15 de agosto de 2010

Iraque - não ouvem a voz do poeta!




Luís Moreira

Hamed al-Maliki é um dramaturgo e poeta Iraquiano que vive na Iraque. Os sublinhados são meus:

Iraque

O Iraque é uma enorme tragédia sem fim.Sou um pessimista, a diferença é que agora sou um pessimista ameaçado de morte.Os americanos abriram as fronteiras aos terroristas para que viessem para aqui e não chegassem à américa.Tantas vezes fui ameaçado e tantos amigos mortos, muitos fugiram.Não vale a pena ficar.Falhámos, só nos resta fugir.

Judeus

Tenho um projecto sobre os Judeus que já não existem no Iraque, que foram forçados a abandonar o Iraque em 1949.Foram privados de nacionalidade e levaram com eles a sua riqueza. Podem matar-me por isto!

O lenço

Tenho outro projecto sobre a polémica do uso do lenço, através de famílias iraquianas que nos últimos anos encontraram refúgio em países europeus.Os Belgas e os Franceses têm todo o direito de proibir o lenço, se não gostam da cultura desses países ocidentais, porque é que lá querem viver? A fobia muçulmana, (porque a extremismos responde-se com estremismos) não tenho visto para entrar em Itália, eu um liberal, mas Londres dá asilo a extremistas e não dá vistos a homens de cultura.Os que fizeram explodir os comboios em Espanha e o metro em Londres descendiam de famílias extremistas, mas a Europa não deu visto a um artista como eu.Esta vai ser a cena final, uma Europa sem nenhum muçulmano.

Americanos e Ingleses

Tinhamos um Saddam antes de 2003, agora temos 100, toda a gente quer ser califa, profeta.Uns já se vêm outros ainda não.Se os americanos saírem, então,vamos ver milhares de Saddam.Eu tinha medo mas sabia onde estava a linha vermelha, agora não sei, há milhares de linhas vermelhas.
Faltam heróis aos árabes, como sempre faltaram, sobram líderes religiosos e sectários e príncipes de guerra. E faltam causas, é por isso que nos matamos uns aos outros.O Iraque nunca foi um país, os Ingleses confundiam as alianças tribais com um sentido de nação.Vamos mergulhar numa guerra civil sectária em toda a região,Sunitas contra xiitas, extremistas contra extremistas, muçulmanos contra muçulmanos, nunca haverá paz com diferentes grupos étnicos, já aprendemos isso com a segunda guerra mundial.

Conclusão

Vamo-nos matar todos uns aos outros, estamos num processo de assassínio em curso, talvez depois a voz do poeta se faça ouvir!

Oferta

A todos aqueles que, sistematicamente, atribuem todos os erros e todos os pecados à Europa, à sua própria terra onde crescerão os seus filhos e netos!

1 comentário:

  1. Carlos, o teu texto "Alternativas e Alternâncias" foi publicado na "Gazeta de Viseu".Parabéns!

    ResponderEliminar