As Minhas Memórias
3 Volumes
Gonçalo Pereira Pimenta Castro
Lisboa, 1950
Onde passava a noite ninguém o sabia. Quando ia a uma esquadra de polícia deixava o carro à porta e saía, depois, por outra porta, com destino a uma outra esquadra, mas sem dizer para onde ia. Outras vezes o seu carro passava no Rossio levando dentro o seu impedido com umas barbas postiças iguais às dele e um boné e uma capa que lhe pertenciam, fingindo que era ele próprio. O carro parava à porta da esquadra do teatro de D. Maria e aí ficava até de madrugada para depois o levar a casa. Em caso de revolução ninguém sabia onde ele estava e donde dava as ordens. No Governo Civil, até ordem em contrário, concentrava-se apenas a esquadra que ali estacionava. Quando foi atacado não se pôde defender porque lhe alvejaram as mãos e não pôde fazer fogo com as duas pistolas que levava. Não perdendo o sangue frio, resolveu então lançar-se no chão, fingindo-se morto.
________________________
O Mistério da Camioneta Fantasma
Hélder Costa
Edições Colibri, 2001
No dia 19 de Outubro de 1921 deu-se mais um golpe militar contra um governo republicano. Demissão do Ministério e nem soou um tiro.
O golpe nascera na Armada e tinha a chefiá-lo um dos heróis do «31 de Janeiro», o tenente-coronel Manuel Maria Coelho. Tratava-se, portanto, de um golpe de esquerda contra o governo de António Granjo, prestigiado combatente transmontano nas forças republicanas que se opuseram a Paiva Couceiro. Este governo imprimia medidas impopulares para tentar equilibrar a bancarrota e combater o desemprego e a miséria do após-guerra.
Entretanto, durante o dia e na noite seguinte, uma camioneta começou a percorrer a cidade, raptando e assassinando figuras importantes da República: o primeiro-ministro António Granjo, Machado Santos, o herói da Rotunda, Carlos da Maia e Botelho de Vasconcelos.
___________________________________
segunda-feira, 23 de agosto de 2010
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário