sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Disfunção eréctil

Adão Cruz


Eu sou da área da cardiologia e portanto este não é um assunto da minha especialidade, mas como ultimamente há estudos sobre a etiopatogenia da disfunção eréctil que sugerem que esta alteração representa uma manifestação precoce de aterosclerose, pensa-se que a disfunção eréctil poderá ser um marcador precoce de doença cardiovascular, nomeadamente coronária. Daqui o interesse dos cardiologistas. Sobre isto gostaria de deixar aqui umas breves notas.

Nos países industrializados a prevalência de disfunção eréctil tem vindo a aumentar, em paralelo com todas as doenças cardiovasculares. O facto destas doenças se associarem a uma grande morbilidade e mortalidade cria um enorme peso na sociedade. Daí a necessidade de se obterem métodos de prevenção e detecção precoce. O estudo da disfunção eréctil, dado que esta pode corresponder a uma aterosclerose ou arteriosclerose, como queiram, das artérias penianas, tem levado urologistas e cardiologistas (duas especialidades aparentemente tão distantes), a convergirem esforços no sentido do diagnóstico, identificação e prevenção precoce da doença cardiovascular.

Neste sentido, tem vindo a ser proposto aos doentes com idade superior a 45 anos, que referem disfunção eréctil, sem outra sintomatologia cardiovascular, a avaliação para os factores de risco cardiovascular, na tentativa de detectar a presença de doença coronária assintomática ou numa fase sub-clínica.

Numa mesa-redonda promovida pela Bayer Schering Pharma, o Prof. Doutor Michael Zitzmann disse que a disfunção eréctil pode ser desencadeada por factores físicos e psicológicos, independentemente da idade do homem. Diz este especialista do Center for Reproductive Medicine and Andrology, que algumas destas condições desencadeantes da disfunção eréctil podem estar associadas a níveis reduzidos de testosterona, a chamada Síndrome de deficiência da testosterona. Esta opinião é confirmada pelo Prof. Doutor Siegfried Meryn, que diz haver uma relação muito grande entre Síndrome metabólica, disfunção eréctil e Síndrome da deficiência de testosterona. Esta última síndrome, prevalente depois dos 70 anos, pode surgir no grupo etário entre os 30 e 70 anos, causando um grande impacto na qualidade de vida. Pode originar irritabilidade, ansiedade, depressão, fadiga crónica, obesidade, diabetes, doenças cardiovasculares, disfunção eréctil, diminuição da libido, redução do número de erecções e disfunções orgásmicas e ejaculatórias.

Houve sempre um certo medo em relação à “segurança na relação da testosterona com a próstata”, pois pensava-se que a testoterona facilitaria o desenvolvimento de cancro da próstata. O Prof. Doutor Ridwan Shabsig do Maimonids Medical Center diz que, actualmente, não há qualquer evidência de que a terapêutica com testosterona favoreça o aparecimento de cancro da próstata.

Assim sendo, constitui uma boa notícia, dado que a ministração de testosterona sob a forma de gel (Testogel), na pouca experiência que tenho com alguns doentes, me parece muito eficaz na redução de todos estes sinais e sintomas. Actualmente existe um outro produto “Nebido”, ainda em fase de estudo, a única testosterona injectável de longa duração, que, apenas com quatro injecções por ano consegue oferecer níveis fisiológicos adequados da hormona. Claro que não tenho qualquer experiência.

Tenham paciência! Não vão a correr às farmácias, sem falar com o vosso médico. Aqui fica apenas a informação, que pretende ser um pequeno alerta, e nunca um factor de preocupação e pânico, que desses já estamos fartos e cheios através da espectacularidade que os meios de comunicação social fazem quando se põem a falar destas matérias.

3 comentários:

  1. Obrigado, Adão, embora eu não precise, bem entendido.O comprimido azul, revelou-se a felicidade das mulheres, não dos homens, não posso entrar em pormenores científicos e ou da experiência feitos, mas há, realmente, muito comparsa a precisar de arranjar uma namorada( é bem melhor que ir ao médico...) se não resultar é melhor ir ao médico, pois "tudo pode ser como dantes..."

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  2. Luis! Todos dizemos que não precisamos!
    Sim, concordo contigo, uma namorada seria a solução, mas uma namorada "como deve de ser"|

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  3. É isso, meu caro Adão, dos meus amigos só há um que diz que precisa, tudo o resto é "aquela máquina..."

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