quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Maratona Poética - Agora são os poemas de Manuel António Pina, Gustavo Adolfo Bécquer e Mario Quintana.

Manuel António Pina
(Sabugal, Beira Interior, 1943)

A POESIA VAI ACABAR

A poesia vai acabar, os poetas
vão ser colocados em lugares mais úteis.
Por exemplo, observadores de pássaros
(enquanto os pássaros não
acabarem). Esta certeza tive-a hoje ao
entrar numa repartição pública.
Um senhor míope atendia devagar
ao balcão; eu perguntei: «Que fez algum
poeta por este senhor?» E a pergunta
afligiu-me tanto por dentro e por
fora da cabeça que tive que voltar a ler
toda a poesia desde o princípio do mundo.
Uma pergunta numa cabeça.
— Como uma coroa de espinhos:
estão todos a ver onde o autor quer chegar? —

(Ainda não é o Fim nem o Princípio do Mundo. Calma é Apenas um Pouco Tarde)

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Gustavo Adolfo Bécquer
(Sevilha,1836 - Madrid,1870)



QUÉ ES LA POESIA

¿Qué es poesía?, dices mientras clavas
en mi pupila tu pupila azul:
¿qué es poesía? ¿Y tú me lo preguntas?
Poesía... eres tú.
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Mario Quintana

(Alegrete, 1906 — Porto Alegre, 1994)

PROJETO DE PREFÁCIO


Sábias agudezas... refinamentos...
- não!
Nada disso encontrarás aqui.
Um poema não é para te distraíres
como com essas imagens mutantes de caleidoscópios.
Um poema não é quando te deténs para apreciar um detalhe
Um poema não é também quando paras no fim,
porque um verdadeiro poema continua sempre...
Um poema que não te ajude a viver e não saiba preparar-te para a morte
não tem sentido: é um pobre chocalho de palavras.

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Às 21:00 podemos contar com António Salvado, Domingos da Mota e Joan Vinyoli.

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