(Idanha-a-Nova, 1950)
CRÍTICA DE POESIA
Que a frenética poesia me perdoe
se a um baço rumor levanto o laço,
pois que verso não há onde não soe
a música discreta doutro espaço.
Horizonte do verso é a dureza:
já mansidão não cabe neste olhar
que se pousa na faca sobre a mesa
e aprende nela o fio do seu cantar.
Mas se olhar nela pousa, como corta?
E se as palavras sabemos retomar,
quem nos devolve a chave dessa porta
onde a herança está por encerrar?
Tão longe está de nós a poesia
como nuvem nos rouba a luz do dia.
(Viagem de Inverno)
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Raúl Iturra
(Chile, 1942)
A POESIA
Conheci-a um dia, nada pedi, mas foi-me dado tudo
Em troca de emotividade, paixão e amor
Os sentimentos são apenas passíveis de exprimir
Através da arte poética, que nos comove
Faz-nos felizes, com ou sem razão.
A arte poética não pensa, faz pensar
A arte poética não beija, faz beijar
A arte poética é o prelúdio de canções sem palavras
Arte que sem palavras, apenas música,
Não permitia a paixão que nos devora
Devora-nos ao longo da vida, dá felicidade e alegria
Vivemos graças à arte poética
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(Cidade do México, 1914-1998)
DESTINO DEL POETA
¿Palabras? Sí, de aire,
y en el aire perdidas.
Déjame que me pierda entre palabras,
déjame ser el aire en unos labios,
un soplo vagabundo sin contornos
que el aire desvanece.
También la luz en sí misma se pierde.
DESTINO DE POETA
Palavras? Sim, de ar,
e no ar perdidas.
Deixa-me perder entre palavras,
deixa-me ser o ar nuns lábios,
um sopro vagabundo sem contornos
que o ar desvanece.
Também a luz em si mesma se perde.
(Liberdade sob Palavra)
Tradução de Luis Pignatelli
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"La Poesía" é uma obra emblemática do grande poeta mexicano Octavio Paz. Apresentamos uma gravação desse famoso poema.
Agora, só vos dizemos que dentro de quarenta minutos chega um grande poeta (mais um)- às 23:20 em ponto. Quem será?
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