quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Mérito e desigualdade

Luis Moreira

A introdução do mérito como avaliação gera desigualdades.Se as pessoas e as instituições não forem avaliadas segundo o mérito,vão ser todas mediocres (ou excelentes ) gerando o “igualitarismo”!

No primeiro caso,as pessoas querem fazer melhor,produzir mais,serem melhores por forma a serem apreciadas.No segundo caso,as pessoas não têm interesse em melhorar por saberem que esse esforço não é apreciado pelos seus pares e/ou sociedade.

É por isso que haver desigualdades é uma coisa boa!

O Estado desenvolveu uma área social, com o intuito de aplanar as desigualdades ,mas fê-lo da pior maneira.Criando a partir do aparelho de Estado e da Administração Pública,uma elite que se revela egoísta,irresponsável,avessa á inovação e que se constitui como o maior entrave á criação de novas oportunidades,com evidente prejuízo de quem é menos “dotado”.

Para aplanar as desigualdades o Estado deveria criar condições para que todos os seus cidadãos,com as suas qualidades e os seus defeitos,pudessem contribuir da melhor forma, para o bem de todos.

A verdadeira questão é a desigualdade de oportunidades, em que o Estado é o principal responsável.O nosso país é disso paradigma.Temos uma Administração Pública e uma economia tutelada,com empresas públicas, semi-públicas e “apadrinhadas”que usufruem de condições

que as empresas privadas não conseguem acompanhar.Por razões de mérito?Antes fosse,mas não é. A maioria são empresas e serviços que nunca foram avaliadas.Actuam no mercado em posição dominante,se não mesmo como monopólios !

Este Estado alargado é hoje uma das principais barreiras sociais.É aqui que encontramos as elites,os filhos das élites,os netos das élites...

Enquanto não conseguirmos romper este círculo vicioso o nosso país não sairá da cauda da UE!

Então que fazer? Tal como propomos no nosso manifesto introduzir o MÉRITO como forma de avaliar a nossa contribuição para o bem comum!

Em que condições o devemos fazer para que as desigualdades geradas sejam o “humus” da competitividade, da concorrência e da criação de riqueza?

Para que as desigualdades sejam uma coisa boa,devemos prosseguir as seguintes condições :

Que a sociedade enriqueça no seu todo (acreditamos que a melhor forma de o fazer é apoiando a iniciativa privada e a economia de mercado )

Que exista uma rede de segurança social que apoie os mais pobres (acreditamos num sistema assente em dois pilares- o distribuitivo e o da poupança individual)

Que exista a oportunidade de qualquer pessoa crescer dentro do sistema (acreditamos numa educação independente do “igualitarismo” do Ministério da Educação,numa Justiça livre de corporativismos e acessível a todos, independentemente da capacidade financeira de cada um e acreditamos no abrandamento das barreiras socias)

Existindo estas três condições a desigualdade nada tem de errado,sendo potenciadora do mérito!

Ora, no caso do nosso país, o que se verifica é que sendo governada há trinta anos por um partido socialista e por outro que se intitula social-democrata (ambos com preocupações sociais) nenhuma daquelas condições foi alcançada!

Bem pelo contrário, a distância entre os mais pobres e os mais ricos é cada vez maior ,as oportunidades escasseiam á medida em que há cada vez mais gente no desemprego e a rede de segurança social vai deixando cair os mais débeis (os jovens e os idosos.)

O MMS quer tornar esta sociedade tutelada numa sociedade mais livre,mais justa e mais rica.

A chave do êxito está na introdução de políticas que potenciem a contribuição do que há de melhor em todos nós,para o bem comum!

Essa contribuição deve ser medida e avaliada segundo o MÉRITO!

Eis a ciclópica tarefa a que o MMS meteu ombros!

Em boa hora! Todos somos poucos!

PS: contribuição do autor para o congresso do MMS

5 comentários:

  1. Luís,
    Desculpe a aparente rudeza da introdução, mas, se não tem tempo para se informar convenientemente sobre aquilo que diz, não diga!
    No mundo actual, quem chega à praça pública e traz ideias novas e criativas é útil e bem-vindo. A intervenção de quem pretende fazer "doutrina" e não se preparou para tal é, na melhor das hipóteses, inútil; na pior, prejudicial à consecução das suas próprias intenções. Tal não significa que alguém se coíba de entrar no debate da "res publica", por considerar que não sabe o "suficiente" (o mais provável é que nunca alguém o venha a conseguir), mas que, entrando, tenha a consciência de abordar as circunstâncias políticas, sociais e outras do seu quotidiano, com a noção do que sabe e do que desconhece; ou, quando for mesmo indispensável, tiver esse gosto ou vocação, então que aprofunde os seus conhecimentos teóricos e práticos: porque de bitates é que não precisamos...
    Se não há no seu Movimento quem efectivamente seja capaz de estruturar alguns princípios doutrinários coerentes, com vista a uma acção positiva, mas singela, que não corra o risco de imitar a demagogia vigente ou de seguir as pisadas do PRD (que deveria ser um exemplo a não esquecer), tudo bem. Mas não seria ousada a sugestão de que os militantes debatessem mais, lessem mais, pensassem mais.
    PENSAR TALVEZ SEJA O MAIS IMPORTANTE DOS "MÉRITOS".
    Eu tornei-me demasiado "hedonista" (ou, mais corriqueiramente, um preguiçoso com bases e experiência cultural suficientes para preencher agradavelmente os dias...) para me armar em moralista. E não armo.
    Mas, se quem quer, honestamente, mudar as coisas, sabe demasiado pouco - e já lho disse, com menos tolerância, porque o conhecia pior -, essa mesma honestidade exige-lhe que solte com mais prudência a rédea ao discurso.
    Porque, Luís, NÃO É "a introdução do mérito como avaliação" que "gera desigualdades": estas TÊM RAZÕES HISTÓRICAS e outras, circunstanciais, de actualidade, que um dia também serão históricas... E, mesmo que as razões económicas, políticas e sociais fossem resolvidas, os seres humanos continuariam a ser diferentes uns dos outros...
    Há um pormenor em que tenho moralidade para falar: sempre trabalhei, em diversas profissões ligadas à rádio, mas também noutras actividades, tendo em mente fazer o melhor de que fosse capaz e de servir a sociedade, no âmbito que me foi cabendo: neste caso, essencialmente, o OUVINTE. Por isso, sempre me senti confortável com o meu trabalho, e ainda mais quando, após o 25 de Abril, se abriu a possibilidade de fazer a transição do serviço de propaganda radiofónico do Estado Novo para o Serviço Público de Rádio (com todas as vicissitudes por que tem passado). NUNCA trabalhei para ser recompensado, a não ser por aqueles a quem as minhas tarefas se dirigiam (e, se isso veio a acontecer, não foi em géneros...).
    A necessidade de haver uma distribuição desigual de cenouras NÃO É UMA COISA BOA: é um sintoma da imperfeição do ser humano, que não pretende ser "apreciado pelos seus pares e/ou sociedade", mas tão só acumular mais amendoins... ou maravedis... E, para isso, só em casos raros o "mérito" e a sua "avaliação" contam: conta é agradar aos chefes (públicos ou privados), que são os "avaliadores".
    O diagnóstico sobre o que o Estado fez, faz e fará continua a ser... superficial. O remédio prescrito, no § seguinte, é a paráfrase da primeira parte de uma célebre frase de Marx; só falta a segunda...
    A questão da "desigualdade de oportunidades" não tem nada a ver com economia tutelada, empresas públicas privilegiadas e etc.; e na Administração Pública, só lá está o quanto baste de filhos das "elites" que efectivamente dominam as sociedades: as do dinheiro. Os outros filhos têm por missão prosseguir a via paterna de ganhar cada vez mais e gastar igualmente. O que acontece em Portugal, nos países da UE, nos EUA, na China e etc., com mais ou menos "máfias"...

    (continua)

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  2. Quanto à avaliação do "mérito" (de cujos métodos tenho larga experiência directa em empresa, pública e depois SARL; e indirecta, em muitos outros sectores, públicos e privados), quem a faz? Onde estão os mais inteligentes e capazes, para avaliar os outros? E... se for COM os outros?
    O que tenho visto, QUASE SEMPRE (na RDP e ReTdeP é SEMPRE), são os mais estúpidos e incapazes a "avaliar" os mais inteligentes, experientes e capazes! As razões para este estado de coisas estudam-se em Psicologia e Sociologia e nem sequer têm grande mistério...
    O seu MMS tem um plano para inverter este estado de coisas GERAL? Em quantos anos? Com que bases e princípios, estudos prévios (já tive a oportunidade de apreciar vários, qual deles o mais divertidamente idiota...)?
    Muito do que o Luís afirma (porque acredita...), já o li, por outras palavras, diversas vezes, desde há mais de 40 anos. Até em actas da OIT dos anos 70 (que traduzi para a CGTP), com hilariantes confrontos entre representantes do "sistema soviético" e os mais lídimos defensores da iniciativa privada e da "economia de mercado", vindos!... directamente!... dos U!... S!... A! (Tchanram!): os últimos grandes heróis, deste lado, devem ser aqueles rapazes que iam dando cabo do sistema financeiro a nível mundial, sobreviveram à custa do tal Estado intrometido e já voltaram a receber os seus prémiozinhos de (in)competência.
    A "distância entre os mais pobres e os mais ricos é cada vez maior", como diz.
    Só que é em Portugal... E EM TODO O LADO!
    A questão é que, apesar dos "apesares", ainda é na área económico-financeira das conclusões dos Congressos do PCP, ou nas análises do Eugénio Rosa (CGTP) que vou encontrando as explicações mais satisfatórias para o que se passa e, pior, a previsão do que se vai passar: qu'inté parecem bruxos, o rai' dos homes!
    Eu já percebi que o Luís quer uma sociedade melhor e mais justa. Mas... o caminho NUNCA SERÁ POR AÍ.
    Sorry...
    A tal de "economia de mercado" teve dois séculos (já dando um bom desconto) para "melhorar a sociedade". O que os que trabalhadores conseguiram ir arrancando (abusivamente, claro!...) aos lucros privados custou muitos mortos, só melhorou com a ajuda da cagufa causada pelos tais "construtores do socialismo", enquanto não deram com os burrinhos na água, incapazes de se opor à ânsia de dinheiro e poder que parece caracterizar a maior parte dos seres humanos. Com a "queda do Muro", foi-se-lhes a cagufa e a prepotência reemergiu, em toda a sua plenitude e POR TODO O MUNDO, Luís!
    Valha-me São John Stewart e o seu "Daily Show", que diariamente ainda consegue fazer-me rir, com os registos da desmesurada estupidez de declarações televisivas de "destacados políticos americanos" (e não só republicanos) e os seus (JS) eloquentemente lacónicos comentários.
    De qualquer modo, ficam os meus votos sinceros de que o MMS, com maior profundidade de avaliação e teorização, consiga aproximar-se do que diz pretender. Sem esconder (hélas!) que a minha crença é praticamente nula: mas ESSA resposta não está do meu lado...

    Paulo Rato

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  3. Meu caro, o que está aí em cima não é rebatido em ponto nenhum por si.Limita-se a dizer que preciso de estudar mais, mas para chegar às suas conclusões? Nessa altura já sou um sábio? Pode não estar de acordo mas aqueles principios são inatacáveis sob o ponto de vista da lógica.Quanto ao MMS é um partido igual aos outros que nunca distribuirá tachos e que tive muito gosto em ajudar.

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  4. Não, Luís, não estou a falar d'alto, nem de cátedra, ou seja donde for que me localize "acima" dos outros, que é sítio que não me apraz... Nem pretendo que chegue às "minhas" conclusões.
    O que, mais uma vez, pretendi transmitir-lhe é que as afirmações precisam de ser fundamentadas. Nestas coisas não há "postulados", como na Matemática, quando não se consegue transformá-los em "teoremas", que têm sempre de ser demonstrados, mas é preciso determinar um ponto de partida ou uma base de raciocínio, que se reconheça como suficientemente segura e que é indispensável para ir mais longe.
    O que fiz, para além de esclarecer alguns percursos de pensamento baseados na minha própria experiência (também teórica, mas sobretudo, muito, e muito longa e variadamente, prática), foi deixar algumas perguntas, interessadas, que não obtiveram resposta...
    E não hostilizei (pelo contrário) o MMS. Apenas não escondi a minha pouca crença em que consiga atingir os objectivos a que se propõe. Era melhor esconder essa opinião? Seria uma atitude séria?
    Já entendi que o Luís viaja pela vida a uma velocidade algo vertiginosa, talvez excessiva (eu disse "talvez"! não afirmei!...), mas que é a sua. Nem entendo como tem tempo de intervir em tanta coisa, só aqui, no blogue!
    Mas, por vezes, parece-me que não consegue travar o suficiente para ler o que alguém (não só eu) escreve: ou acha mesmo que escrevi tanto só para dar uso ao teclado? e que tudo se pode resumir a "limitar-me a dizer que precisa de estudar mais"? Para quê? Qual seria a utilidade?
    De facto, o meu ritmo sempre foi mais pausado, mas garanto-lhe que, quando se tratou de "agir", sempre consegui ser eficaz e, até, acelerar bastante...
    Vá: já percebemos ambos que não somos "opositores irredutíveis". Para quê "despachar-me" tão ligeiramente?

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  5. Meu caro, aqueles principios são os de uma sociedade liberal, podemos não estar de acordo, mas são principios aceites como basilares numa sociedade liberal.Recordo-lhe que Fidel Castro está a fazer um acto de contrição ao reconhecer que "abafou" o mérito na sociedade Cubana,não deu liberdade à iniciativa privada, nada há pior que o "igualitarismo" .desde que todos melhorem e que todos tenham o suficiente, não há mal nenhum que haja gente que queira trabalhar para ganhar mais. É uma opção de vida como outra qualquer.O mal está na ganância e na falta de solidariedade.Um abraço.

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