segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Novas Viagens na Minha Terra


Manuela Degerine

Capítulo CVI

Vigésima quarta etapa: em Brialhos

Chega um grupo de quinze ciclistas portugueses. São funcionários da CP e vêm de Coimbra, Águeda e Mealhada. Inicialmente havia um dormitório masculino e outro feminino; com a chegada deles, numerosos e todos homens, deixa de haver distinção. (A vantagem dos dormitórios separados é que, em geral, as mulheres ressonam muito menos...)

Pago também o albergue e depois sento-me a escrever. Converso com uma alemã que estuda, através do programa Erasmus, numa universidade galega. Juntando o fim-de-semana e um feriado (segunda-feira), faltando dois dias às aulas, planeou percorrer, com outros colegas mais dois mexicanos (que entretanto conheceram) o caminho de Tui a Santiago. Pretendem chegar no domingo e por isso têm-se apressado. Hoje saíram de Redondela e calcorrearam duas etapas; ora, quando chegaram aqui, cansados como vinham – só restavam três lugares. As raparigas ficaram mas, embora tontos de cansaço, os rapazes prosseguiram na direcção de Caldas dos Reis. Isto por causa dos ciclistas que bem podiam ter continuado até Caldas...

Desço à cozinha, que se encontra no rés-do-chão, para verificar se a frigideira permanece suja. Apanho o alberguista a lavá-la.

- Não a lave: é a frigideira dos alemães!

O senhor encolhe os ombros.

- Acha que é esquecimento? Se quisessem não a tinham lavado? Vão pôr o despertador a apitar mais cedo?... Prefiro lavá-la eu agora. Sabe... Estamos no meio do campo: se não houver cuidado, entram logo aqui ratos.

(Ainda bem que escolhi um beliche superior.)

Deito-me cedo porém, com tanto homem na camarata, volto a ser incomodada. O meu vizinho de beliche é dos mais sonoros; e, o pior: sonha que vai a pedalar. Cada vez que começo a adormecer, a criatura recomeça a espernear – acorda-me!

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