Adão Cruz
(quadro de Adão Cruz)
A razão
tamanho de todos os céus
no silêncio de sonho-menino
os olhos cheios de serenas manhãs
na frouxa luz do fim da tarde.
A razão
palavra que se prende
por entre as folhas dos álamos
a doce margem de um regato
no sobressalto do pensamento.
A razão
saber se o tempo vai se o tempo vem
no calendário do sonho
não dar contas ao tempo
de um tempo que se não tem.
A razão
semente branca da vida
no fruto maduro da tarde
a esperança dos olhos frios
na quente ilusão de outro dia.
A razão
três lágrimas vertidas
na corrente do alto rio
um redemoinho de pedra e água
brincando à beira do abismo.
A razão
coração bem apertado
nos braços da solidão
a felicidade cantada
sem voz nova na garganta.
A razão
a firmeza do vento
no rio que não volta atrás
...ou a leveza do luar
nas margens da sombra.
A razão
coração cravado na erva
espantalho de emoções
longos braços de palha
entrelaçados de ilusões.
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E o coração que tem razões que a razão desconhece.
ResponderEliminarBelo poema.
ResponderEliminarAntítese: olhos que não vêm coração que não sente.
Paxiano
Ó Paxiano, com a Net as coisas já não são bem assim: mesmo sem se ver, vai-se fazendo o caminho do sentir.
ResponderEliminarAugusta, não tinha pensado nisso! Na verdade o poeta não necessita de ver, basta-me sentir, de tocar e de cheirar para criar algo...
ResponderEliminarObrigado pela achega.
Devia de ter posto aspas porque a frase é do Pascal, não é minha. Lá por onde andar ainda me acusa de plágio.
ResponderEliminarCom aspas ou sem elas, importante é sentir e isso é previlégio dos sensíveis, dos que vivem o mundo do sonho onde tudo é possível, até se verter um ai, um suspiro, quiçá uma lágrima.
ResponderEliminarPorque "pelo sonho que vamos ".