sábado, 11 de setembro de 2010

República nos livros de ontem nos livros de hoje - 152 e 153 (José Brandão)

Quarenta Anos de Vida Literária e Política

4 Volumes

António José de Almeida

Lisboa, 1934

A formação espiritual dos homens que fizeram a República não podia deixar de lhes deformar a visão de uma realidade, que olhavam com os olhos encandeados de idealistas e, no empenho em lhe dar nova modelação, de os agitar de todos os excessos – e de todos os defeitos – da combatividade apaixonada: excitabilidade que cega para a justa medida do ataque destruidor, como da actividade construtiva; desconexão de forças e descontinuidade em seu actuar, a cada passo os seus exageros provocando as reacções que as inutilizam. E ao lado ou por sobre os descomedimentos e veemências dos impulsos, uma espécie de laissez faire, laissez passer dos mais conscientes, receosos de serem subvertidos pela onda, ao tentar marcar-lhe o rumo.

Tudo isto vinha de tempos muito recuados, que remontavam ao alvorecer do liberalismo.
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A Queda da Monarquia

Maria Filomena Mónica

Publicações Dom Quixote, 1987

Depois das tempestades da primeira metade do século, Portugal atravessou, entre 1850 e 1890, um período durante o qual um grupo de políticos enérgicos se entregou à exaltante tarefa de modernizar o país. O seu programa era ambicioso: tornar férteis os campos, construir caminhos-de-ferro, montar fábricas e dar educação ao povo. Sabiam que as dificuldades eram grandes, mas a marcha da Civilização era imparável, uma fé útil para quem se lançava em tais empreendimentos. Durante alguns anos, a realidade correspondeu às expectativas. O país desenvolveu-se e a população cresceu. Em 1830, os portugueses haviam sido pouco mais de três milhões; em 1900 eram cinco milhões e meio.

No entanto, Portugal não deixara de ser um país predominantemente rural e pobre. Fora de Lisboa e do Porto, não havia verdadeiramente cidades.
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