sexta-feira, 17 de setembro de 2010

República nos livros de ontem nos livros de hoje - 165 e 166 (José Brandão)

Responsabilidades Históricas – II

Teixeira de Sousa

Coimbra, 1917


Julgo haver nisto um grande equívoco o uma grave injustiça: equivoco no tocante ao apego que Júlio de Vilhena tinha ao júri nos delitos por abuso de liberdade de imprensa; injustiça, reduzindo a obra colossal de Lopo Vaz ao simples facto de meter os delitos de imprensa no julgamento correccional. Júlio de Vilhena saíra da pasta da Justiça, como saíram das demais pastas todos os outros ministros pela demissão do gabinete. Organizado o novo governo, não tomou parte nele porque, sendo Lopo Vaz a figura de maior destaque e de maior influência no partido regenerador depois do Fontes, tendo por isso de ser ouvido acerca da constituição do gabinete, desde que ele aceitasse a pasta da Justiça nenhum outro partidário poderia ser chamado a geri-la.
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A Revolução de 5 de Outubro de 1910

Rocha Martins/Lopes D’Oliveira

Lisboa, s. d.

O grupo de Machado Santos chega à porta das armas de Infantaria 16, e encontra-a fechada. Aos vivas que ergue, de dentro do quartel ninguém responde. E ficam esperando, em concentrado silêncio.

Mas um vulto se aproxima: é um cabo do 16, Pedro da Cruz, que estava de guarda em Vale do Pereiro, e acaba de abandonar o serviço: conhecedor do quartel, leva Machado Santos porta duma arrecadação, que ele próprio arromba à coronhada.

Sobem uma pequena escada, forçam um alçapão, e entram na parada, recebidos por aclamações de soldados insurreccionados.

À 1 hora menos 15 o cabo Manuel António Correia soltara, da sua caserna, um forte e prolongado assobio. Era o sinal combinado. Os soldados que estavam na conjura, e se tinham deitado vestidos, correm à parada, soltando vivas à República.
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