sábado, 18 de setembro de 2010

República nos livros de ontem nos livros de hoje - 167 e 168 (José Brandão)

A Revolução de Couceiro

Abílio Magro

Porto, 1912

A El-Rei o Senhor D. Manuel II

O movimento, ás ordens de Paiva Couceiro, não passa duma .. palhaçada ridícula! -Assim o afirmaram o ex-oficial da Armada João de Azevedo Coutinho, os capitães Conde de Penela, Homem Christo, tenente Manuel Valente e outros que, arrependidos de terem cooperado nele, já o abandonaram de vez, cheios asco!

Vossa Majestade, a quem envio em primeira-mão o meu livro, que só encerra verdades, há-de de fatalmente convencer-se que a maior parte daqueles que julga seus partidários, o enganam miseravelmente, como o enganaram os seus áulicos e todos os ministros do seu reinado!

Abandone-os para sempre, porque essa resolução será a única que contribuirá para a felicidade de Vossa Majestade.

Assim lho aconselha um homem que foi seu súbdito, que o defendeu sempre e ainda o estima.

Abílio Magro.

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A Revolução Portuguesa

(1907/1910)

Machado Santos

Assírio & Alvim, 1982

Por mais enigmáticos que, por pouco e mal estudados, sejam ainda ao nosso olhar, os primeiros surtos carbonários portugueses, não é impossível que o republicanismo tenha sido, com maior ou menor nitidez, o alvo que os orientou e que, ao mesmo tempo, os gerou. Isso, claro está, desde que se entenda, por uma vez, que o liberalismo, como tal, e de acordo com o modelo pioneiro da evolução político-social francesa contemporânea, tendera, naturalmente, para a “dessacralização” da Monarquia, contrapondo a esta uma República, aureolada pela etimologia (Res Pública, coisa pública) e pelos propósitos políticos de nacionalizar, com outra largueza, o Estado que as primeiras vagas burguesas haviam edificado como foi sendo possível. As sucessivas repúblicas francesas o demonstram, como por demais é sabido. E em Espanha, a República de 1873, que significado tem a não ser esse mesmo?
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