segunda-feira, 20 de setembro de 2010

São mortas as flores que nascem amarelas...

Eva Cruz
Bertrand Russell compara a vida a um rio.

A infância, nascente fio de água, débil, descobrindo o equilíbrio no meio dos pequenos passos, crescendo nos passos adolescentes, mais largos e velozes, engrossando o caudal, orgulhoso dentro das margens da maturidade, espraiando-se na foz em pleno abandono para que o mar o receba.

É a sua reintegração no ciclo da natureza, de onde partiu e com a qual se funde e confunde.

Entender a vida como poética integração natural onde tudo nasce e renasce sem lugar para a morte é, afinal, viver.

Pena é que o rio seja cortado e o seu percurso interrompido de forma brutal, roubando à vida o que a vida criou com tanto amor.

A Carla e a vida eram a natureza na sua mais bela expressão, a natureza sem limites para a alegria, iluminando o mundo em redor, rejeitando as margens do individualismo, do secundário e acidental, para correr límpida, essencial, solidária, dada e determinada por dentro dos outros.

Gostava de flores. Gostava de flores amarelas e campestres. Estava tão próximo delas que a natureza teve ciúmes e cortou-a ao desabrochar.

Foi minha aluna.

Ficará nos olhos o seu rosto perfumado das flores campestres e nas lágrimas a limpidez da água do seu rio.

1 comentário:

  1. Se eu pudesse, em vez de palavras, pôr aqui uma música para exprimir o que sinto com este texto...

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