terça-feira, 21 de setembro de 2010

Três poemas de José Magalhães

1


Não tenho princípio nem fim
Não principio nem acabo
Sou o rumor das pétalas a abrir
Sou o grito das cores berrantes
O vestígio de beijos a florir
A noite a cair em instantes

Sou o sangue a correr em mim
Sou vida e morte por um bocado

Sou o som da semente a nascer
Sou o que sou, de minha autoria
Volto amanhã se hoje morrer
Sou o rumor do nascer do dia

Não tenho princípio nem fim
Não principio nem acabo.
Anseio por ser eterno,
Ao fim e ao cabo.

2

Vem por aqui
Desenhar meus pés
E derrubar obstáculos

Vem para aqui
Apreciar as marés
E curar meus cansaços

Vem amar o longe
A minha loucura
A minha ironia
E o mundo a que subi

Faz de mim um monge
Deseja-me
Como à fruta madura

Enche-me de amor
De sabedoria
Vem comigo, não vás por aí

3

Quase com cuidado
Muito ao de leve
O silêncio foi quebrado.
Era quase nada!
Como se fora
Do cair da neve
O rumor que se adivinhava.
Ou talvez da leve brisa
De tão leve
Mal se sente
Ou o mexer dos meus olhos
Ou o germinar da semente

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