sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Dia Mundial da Música - Ludwig van Beethoven

Raúl Iturra



O COMPOSITOR EM 1808

O compositor, nascido em Bonn, foi baptizado em 17 de Dezembro de 1770 — faleceu em Viena, no dia 26 de Março de 1827 de mudou a fase da música. Introduziu, com o saber do seu professor, Joseph Haydn (1732-1809) . É possível supor que tenha nascido a 15 de Dezembro desse ano, porque era hábito cristianizar ao bebé, antes que a morte os leva-se. Como nos tempos de van Beethoven os pequenos morriam prematuramente, as famílias luteranas e católicas romanas, levavam ao bebé a sua paróquia enquanto puder sair de casa, especialmente no frio do inverno da germânica Bonn ou Bona.

Era o segundo filho mais velho de sete irmãos, dos quais apenas sobreviveram, Kaspar Anton Carl van Beethoven (1774-1815) que também tinha dotes para a música e que morreu com 41 anos; o quarto, Nicolaus Johann van Beethoven (1776-1848), que se tornou muito rico, graças à indústria farmacêutica, e que morreu com 72 ano. Os outros cinco três faleceram ao nascer, e os outros, com dois anos de idade. O seu pai, (1740-1792). O seu pai, Johann van Beethoven (1740-1792), viúvo já e com filhos para criar, experimentou educar este segundo Ludwig, o primeiro tinha falecido ao nascer um ano antes de aparecer no mundo este segundo Ludwig, para a nossa glória e prazer. Em pequeno era já capaz de tocar o cravo, antes de aparecer o Pina forte sem pedais, no qual compôs o seu primeiro concerto, em 1795, para passar a seguir, a escrever os seus concertos quatro e cinco no Forte Piano com pedais, 1824. A sua nota preferida era a tonalidade Mi Maior, tonalidade que empregou em várias das suas peças de música, especialmente na muito cumprida sinfonia nº3 em Mi bemol Maior, apelidada de "Eroica", cuja dedicatória a Napoleão Bonaparte foi retirada com alguma polémica. A sinfonia Eroica era duas vezes mais longa que qualquer sinfonia escrita até então.

Tenho afirmado antes, que Beethoven era um revolucionário, não apenas na vida musical, como compositor e concertista de recitais públicos, bem como na vida política. Não era apenas um bonapartista, era membro de grupo denominado da Ilustração, organização onde conheceu a Schiller, passando a ser amigos para toda a vida. Em honra a ele escreveu a sua nona sinfonia, denominada a Sinfonia Coral, com quatro movimentos, para orquestra e coro, que entra como música no quarto movimento. O 1º é um Allegro, para orquestra, o 2º movimento e na tonalidade muito vivace, o terceiro, onde são salientados os violinos e fagote, é na tonalidade Adágio ou lento e profundo. É no quarto movimento que a tonalidade Presto o rápido, que entra o coro como um quarto instrumento, que predomina por cima da som da orquestra. Foi, junto com a Missa em Ré, a obra cume do autor que comento, estreada em 1824 e intitulada Missa Solemnis. A sensação que causara fez que tiver que ser tocada várias vezes em actos solenes e rituais. Como a sua Sinfonia 9, que teve que ser repetida durante uma semana, com um Beethoven já absolutamente surdo, pelo que ele estava ao pé do Maestro que conduzia a Sinfonia. Era, para nossa tristeza, a música que o compositor nunca ouviu, mas ele insistia que era o autor e os instrumentos tocavam e os coros cantavam para ele, dentro da sua cabeça.

É difícil escreve em curto espaço, o prodígio Beethoven. A ele deve-se a denomina música clássica, a semelhança dos gregos antigos: cada nota em qualquer tonalidade, deve cair no minuto preciso para dar continuidade e seguimento harmonioso à peça interpretada, com agilidade, no Adagio, com os silêncios em do maior, para entrar a seguir aos andante com motto, ou os allegro com brio. Todas as notas som de uma octava e o pedal é usado para cortar a nota anterior e entrarem as notas brilhantes, que são cortadas para passar a outras tonalidades. O melhor exemplo é a dedicada a seu mecenas, o Conde de Waldstein, quem pagara os seus estudos de música e literatura. The Piano Sonata No. 21 in C major, Op. 53, also known as the Waldstein, é considerada como sendo a melhor sonata de Beethoven de entre tantas piano sonatas compostas por ele, bem como uma das melhores das três escritas ou compostas em esse período ou seu middle period (sendo as outras a Appassionata , sonata, Op. 57, e Les Adieux, Op. 81a). A Waldstein foi completada no verão de 1804. Causou estupor e muitos músicos retiraram dela a sua própria música: era uma lição feita música!

O compositor não tinha apenas problemas de interacção social, por causa da sua surdez, bem como esta falta de comunicação produzia um temperamento irascível. Amor teve muito, todas as condessas e duquesas que ele ensinava. Um compositor não pode subsistir apenas da sua composição, tem que ensinar ou ser servo de um Arcebispo, como Mozart com Colloredo. Beethoven libertou a música de tutelas e patronatos: doravante, a música passou a ser uma mercadoria que podia sustentar ao autor. Mas por ser ele o primeiro, muitos trabalhos sofreu para ser autónomo.

O problema mais grave, era ser celibatário e viver só. Todos conhecemos a história do seu sobrinho, que ele queria apadrinhar, o filho do já falecido irmão Kaspar. Não conseguiu, mas entre a sua papelada uma carta foi encontrada endereçada a uma mulher, a que denomina a sua Amada Imortal. Cartas iam, respostas tornavam, sempre sem nome. Um dela diz: Manhã de 6 de Julho

"Meu anjo, meu tudo, meu próprio ser – Hoje apenas algumas palavras a caneta (a tua caneta).

Só amanhã os meus alugueres estarão definidos – que desperdício de tempo....... por que sinto essa tristeza profunda se é a necessidade quem manda? Pode o teu amor resistir a todo sacrifício embora não exijamos tudo um do outro? Podes tu mudar o facto de que és completamente minha e eu completamente teu? Oh Deus! Olha para as belezas da natureza e conforta o teu coração. O amor exige tudo, assim sou como tu, e tu és comigo. Mas esqueces-te tão facilmente que eu vivo por ti e por mim. Se estivéssemos completamente unidos, tu sentirias essa dor assim como eu a sinto.

O meu dia foi terrível: ontem só cheguei aqui às 4 horas da manhã. Com a falta de cavalos, o cocheiro do correio escolheu um novo caminho, mas que terrível caminho, na penúltima paragem eu fui avisado para não viajar à noite, fiquei com medo da floresta, mas isso só me deixou mais ansioso - e eu estava errado. O cocheiro precisou parar na infeliz estrada, uma imprestável e barrenta estrada. Se eu estivesse sem todas as coisas que trago comigo teria ficado preso na estrada. Esterhazy, viajando pela estrada, teve o mesmo problema com oito cavalos que eu tive com quatro - sinto prazer com isso, como sempre sinto quando supero com sucesso as dificuldades.

Agora uma rápida mudança das coisas externas para as internas. Nós provavelmente devemos nos ver em breve, entretanto, hoje eu não posso dividir contigo os pensamentos que tive nos últimos dias sobre minha própria vida – Se os nossos corações estivessem sempre juntos, eu não teria nenhum.... O meu coração está cheio de coisas que eu gostaria de te dizer – ah – há momentos em que sinto que esse discurso é tão vazio – Alegra-te – Lembra-te da minha verdade, o meu único tesouro, o meu tudo como eu sou o teu. Os deuses devem-nos mandar paz... Teu fiel Ludwig

Foi a desgraça de Van Beethoven, desgraça que, entre outras - a sua falta de ouvido, o desdém do sobrinho e o seu carácter sarcástico, a sua lealdade à causa revolucionária para derrubar à aristocracia e a burguesia acomodada - fizeram dele um lutador tão radical como os seus reais amigos Iluministas e Maçons.

Faleceu muito cedo, aos 56 anos de idade, completando assim um ciclo de 46 anos de criar e recriar a música. Ludwig van Beethoven foi o paladino de la liberdade na expressão musical. Sentiu-se traído por Bonaparte e retirou a dedicatória. Era já o socialismo de Babeuf e o seu manifesto de Plebeus de 1785, prenúncio do escrito de Jenney Marx, que, com as ideias do seu marido, redigiu o Manifesto Comunista. Beethoven não apenas foi um músico de alta estatura teórica, bem como um radical que arremetia contra os opulentos com a sua música, composições às que tiveram que se adaptar a seguir o barroco e o pré classicismo de Haydn.

Se não houver dia da música, teria que ser criado o dia de Ludvig van Beethoven….Se ao funeral de Mozart, que alegra a vida ninguém foi, ao de Beethoven foi o Imperador, a sua corte e dezenas de pessoas. Um monumento marca o seu sítio de descanso.

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Ouçamos Für Elise,  interpretado por Stephen Malinowski:


6 comentários:

  1. Ao ouvir a música criada pelo génio de Beethoven, tão harmoniosa mesmo nas dissonâncias, custa-nos a imaginar como foi tormentosa (e com momentos de grande angústia)a sua vida. Ao longo da minha vida profissional, já li muitas dezenas de biografias suas. Não me recordo, mas devo até mesmo ter escrito algum verbete enciclopédico sobre a sua vida. Pois este texto de Raúl Iturra, além de me recordar pormenores de que me esquecera, revelou-me aspectos que não conhecia. Um excelente trabalho que culninou da melhor maneira com esta belíssima «bagatella» . Bagatela, em português significa também "coisa sem importância" - algo que não se pode dizer desta "Para Elise", uma das composições mais belas de toda a história da música.

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  2. Enquanto oiço o tributo de Händel, (1685-1759) a Santa Cecilia, 1739, a padroeira dos músicos, explico porque escrevi este texto sobre Beethoven. Primeiro, por sugestão do meu fraterno amigo, o escritor Carlos Loures. Porquê Beethoven? Porque soube libertar os músicos, de mecenas que pagavam para ouvir a música que eles queriam. Van Beethoven nunca teve mecenas, ganhou a sua vida como compositor de música clássica, definida no texto que comento, como professor de música para as filhas da aristocracia, porque saber tocar o piano era o mínimo requisito para casar. E porque escreveu a melhor peça de música jamais ouvida, o Adágio Für Elisen, que pode-se ouvir no texto. Não foi necessário investigar muito, conheço a Beethoven de verso e reverso. Nos tempos da minha juventude, tinha um busto do compositor no meu estudo, a única ornamentação para uma casa de madeira e vidro, que formava parte da minha habitação e casa de banhos. Na minha fantasia, ninguém podia entrar aos meus recintos e quem entra-se, devia inclinar-se em frente do busto do melhor compositor do mundo. Agradeço os comentários de Augusta Clara e de Carlos Loures, que revelam o seu prazer pela música erudita.

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  3. Pela minha parte, Professor, fico à espera que nos brinde com mais obras sublimes como esta. Obrigada.

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  4. Agradeço imenso os vossos comentários! Querida Clara, haverá mais, não apenas de Beethoven, mas dos seus professores e discípulos. Mas, devo confessar que sem Bethoven, a música não seria da harmonia que os músicos hoje, nos fornecem.

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