segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Dia Mundial do Animal -A Maia

Fernando Moreira de Sá


Eu sou um privilegiado: sempre tive cães e gatos. Quer dizer, sobretudo no caso dos gatos, ter não é a palavra certa, conviver ou partilhar espaço quando muito. A estes se juntaram, num determinado período da minha vida a Anastácia, uma galinha de estimação da minha irmã. Foi oferecida ao meu Pai com fins gastronómicos e acabou por passear no nosso quintal durante sete longos e bons anos até morrer de morte natural, isto nos idos de oitenta. Por essa altura surgiram, também, dois hamsters que duraram enquanto o meu gato, através de mil e uma artimanhas, os não conseguiu levar a morte macabra.

Quando casei estive pouco mais de um mês sem bicharada mas as saudades, de ambos, de ter bicharada era tal que lá adoptamos dois gatos, o Dragão e o Rissol. Mais tarde, desaparecidos estes, recebemos a Pipoca, à qual se seguiu a Bolacha, duas cadelas às quais se juntou um gato, o Tico e recentemente, mais uma cadela, a Maia. Ou seja, no momento em que escrevo estas linhas, coabitam em ambiente familiar, três cadelas e um gato. Sendo este capado e o agregado familiar composto por uma filha, a minha mulher, a minha mãe e a minha sogra, direi que sou, ainda, o único exemplar do género masculino “intacto”.

Será que podia viver sem a presença de animais? Poder podia mas não seria a mesma coisa, imitando aquele anúncio publicitário. Eles não são apenas mera companhia ou uma distracção. Não, não é assim que os vemos. São membros da família mais chegada e isso chega e sobra para os definir.

A última a chegar foi a Maia, uma cadela abandonada com dois meses e um historial complicado de abandono, tentativa de afogamento e outros crimes hediondos tão típicos da má formação de boa parte dos portugueses – a forma como lidamos com os animais diz bem do estado civilizacional em que estamos. A Maia pertencia a uma ninhada de sete cadelas que foi cruelmente abandonada, sem a mãe, num matagal junto a um prédio de Moreira da Maia e carinhosamente bem tratada, assim como as suas irmãs, por alguns dos moradores desse edifício. Através de uma campanha espontânea que envolveu a imprensa e as redes sociais conseguiu-se encontrar pessoas dispostas a adoptar as cadelas. Uma delas foi a Maia, a mais recente na família.

Hoje, passado pouco mais de um ano, a Maia está uma senhora cadela de porte atlético, cada vez mais bonita e meiga e é, sem dúvida, especial. Seja pela forma como se relaciona com a restante bicharada cá de casa quer, sobretudo, a forte ligação que a une à nossa filha. A ela e ao meu carro, o qual já se viu privado do sensor do ABS, do ESP e de um cabo de travões!!!

Meus caros, neste dia especial, em que tanto se fala dos animais, permitam-me que lembre uma espécie de animal que anda por aí, no meio de nós. Uma espécie nada rara e que convém combater com todas as nossas forças e denunciar com toda a veemência: as bestas que envenenam, atropelam de forma propositada ou abandonam os animais. A esses seres abjectos, neste dia especial, quero enviar-lhes uma mensagem de paz e carinho: que sempre que envenenem/afoguem/abandonem um animal indefeso sejam brindados com uma qualquer doença bem dolorosa que lhes provoque destino idêntico ao que condenaram os animais.

1 comentário:

  1. Que grande abraço que eu tenho para si, Fernando Moreira de Sá. Eu que tenho os meus sofás todos rotos mas não me importo nada. Antes queria ficar sem eles do que sem os meus dois gatos.E desejo o mesmo a essa gente miserável que faz as maiores tropelias aos animais por puro prazer e divertimento.

    ResponderEliminar