sábado, 2 de outubro de 2010

República nos livros de ontem nos livros de hoje - 195 e 196 (José Brandão)

A Verdade Sobre Afonso Costa

Alberto Guimarães

Lisboa, 1935

«Almocei e jantei bem. Provavelmente, venho a sair da prisão ainda mais gordo, e sobretudo com maior abdómen, do que tinha quando cá entrei.»

Muito mais engordaria ele depois da proclamação da República.

Mas é notar a sua insistência no problema alimentar. Não há um único dia de cativeiro em que tal preocupação não se apresente ao seu espírito. Até ao oitavo e último dia da sua detenção ele exprime o seu contentamento ante a boa mesa, anotando no seu canhenho:

«Esta manhã, depois de um bom almoço de linguado, bife de vitela, queijo da serra, fruta e doce…

O estilo é o homem... Este estilo que resume gulodice, que deixa desvendar em embrião o homem que à frente de um bando voraz havia de roer o Pais até aos ossos, só podia ter saído da mão pesada e papuda de Afonso Costa.

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                                                           Vermelhos, Brancos e Azuis


Rocha Martins

Lisboa, 1948

Julgo não ser lícito ocultar o que se sabe quando a verdade pode servir de exemplo, de incentivo ou de aviso para não se repetirem erros, delitos e até crimes.

Não manifesto opiniões; apresento factos à semelhança do que fiz nos meus livros anteriores do mesmo género, desde João Franco e o seu Tempo a D. Carlos, História do seu Reinado e de D. Manuel II às Memórias sobre Sidónio Pais.

São testemunhos sinceros. Já que o destino me colocou em situação de, por vezes, lidar com personagens históricos, aqui os apresento como os considerei, sem paixão nem parcialidade.

Eram meus amigos esses portugueses ilustres; mas a sua amizade não me leva a enaltecê-los. Joeirei tudo na peneira do tempo. Ficou só o grão; voou a poeira, a que ainda podia cegar-me.

Rocha Martins

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