sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Terreiro da Lusofonia: Manuel Rui Monteiro


Manuel Rui Monteiro nasceu na cidade de Huambo (antiga Nova Lisboa) em 1941. Licenciou-se em Direito na Universidade de Coimbra. Foi colaborador da revista “Vértice”. Em Angola, onde regressou depois do 25 de Abril de 1974,
ocupou diversos cargos políticos para além de ter sido professor universitário e Reitor da Universidade de Huambo. Poeta, contista, ensaísta, crítico, professor de Literatura, foi galardoado com o Prémio Nacional Agostinho Neto, atribuído à novela Quem me dera ser Onda (1982). É autor da letra do Hino Nacional de Angola.

Da sua obra, destacamos: Cinco Vezes Onze Poemas em Novembro (1985); O Regresso Adiado (1977) Memória de Mar (1980); Crónica de um Mujimbo (1989); 1 Morto & Os Vivos (1993); Rio Seco (1997); Um anel na areia: história de amor (2002); Universo transverso: Conchas e Búzios (2003); A Casa do Rio (2007). Ombela, poesia (2007).

 
Um cantor brasileiro, Martinho da Vila, canta um poeta angolano. Ora ouçam:



Os meninos do Huambo

Com fios feitos de lágrimas passadas
Os meninos do Huambo fazem alegria
Constroem sonhos com os mais velhos de mãos dadas
E no céu descobrem estrelas de magia


Com os lábios de dizer nova poesia
Soletram as estrelas como letras
E vão juntando no céu como pedrinhas
Estrelas letras para fazer novas palavras


Os meninos à volta da fogueira
Vão aprender coisas de sonho e de verdade
Vão aprender como se ganha uma bandeira
Vão saber o que custou a liberdade


Com os sorrisos mais lindos do planalto
Fazem continhas engraçadas de somar
Somam beijos com flores e com suor
E subtraem manhã cedo por luar


Dividem a chuva miudinha pelo milho
Multiplicam o vento pelo mar
Soltam ao céu as estrelas já escritas
Constelações que brilham sempre sem parar


Os meninos à volta da fogueira
Vão aprender coisas de sonho e de verdade
Vão aprender como se ganha uma bandeira
Vão saber o que custou a liberdade


Palavras sempre novas, sempre novas
Palavras deste tempo sempre novo
Porque os meninos inventaram coisas novas
E até já dizem que as estrelas são do povo


Assim contentes à voltinha da fogueira
Juntam palavras deste tempo sempre novo
Porque os meninos inventaram coisas novas
E até já dizem que as estrelas são do povo

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