(Memórias de um operário corticeiro)
1914-1938
José dos Reis Sequeira
A Regra do Jogo, 1978
Fui sempre candidato a escolar. Em determinada altura inscrevi-me na escola do sindicato dos corticeiros de Silves; e noutra ocasião, eu e outros, constituímos uma comissão que falou com o director da escola primária oficial para que fosse aberto um curso nocturno para os rapazes que trabalhavam nas fábricas.
Esta diligência teve êxito completo. Foi indicado um professor para as aulas nocturnas e umas dezenas de rapazes logo se inscreveram.
Eu ia à escola por gosto e distracção, porque não me ensinavam mais do que eu já sabia. Os outros eram mais atrasados e eu não podia adiantar.
Só mais tarde, aos 28 anos, trabalhando eu de novo em Faro e acompanhando com rapazes estudantes, estes aconselharam-me a que fizesse eu a 4.ª classe, que eles me preparariam para o 1.º ciclo dos liceus e depois para o 2.º, etc.
Requeri o exame da 4.ª classe no qual fui aprovado com distinção, em 1935.
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Elites, Partidos e Poder
(1907-1931)
Venerando António Aspra de Matos
Edições Colibri, 2003
Nesta obra tentou-se caracterizar a formação e evolução das elites políticas republicanas no concelho de Torres Vedras, desde os anos finais do regime monárquico até aos primeiros tempos da Ditadura Militar do 28 de Maio, procurando-se perceber o seu percurso e as tendências que se desenvolveram no interior desse grupo político-ideológico.
Em termos gerais, a ascensão ao poder das elites republicanas em Torres Vedras substituiu temporariamente a tradicional elite monárquica dos proprietários rurais por uma nova elite política, maioritariamente urbana e ligada à actividade comercial, mas sem se conseguir consolidar por muito tempo como elite politicamente dominante.
Contudo, a importância desta é inegável pelo facto de Torres Vedras ter sido a sede de um dos círculos eleitorais mais vastos e influentes do regime republicano.
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