terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Comunicado do NAM - Não Apaguem a Memória

Lisboa, 6 de Dezembro de 2010
Caras Companheiras
Caros Companheiros


A actividade que a Direcção do NAM tem vindo a desenvolver nos últimos meses tem incidido particularmente nos objectivos seguintes:

1. Exposição ”A voz das Vítimas” na antiga Cadeia do Aljube.
2. Memorial às Vítimas da PIDE nas proximidades da sua antiga sede em Lisboa.
3. Ciclo de conferências sobre “O Reviralho”.
4. Cooperação com o Ministério da Educação.
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1. A inauguração da exposição ”A voz das Vítimas” na antiga Cadeia do Aljube estava planeada para o fim de Outubro mas por atraso da comparticipação financeira da Comissão Nacional das Comemorações do Centenário da República (CNCCR), correspondente a 50% do seu orçamento, teve de ser adiada.
A nova data para a inauguração está dependente daquele pagamento, que está prometido para este ano ainda. A confirmar-se esta expectativa a inauguração da exposição ocorrerá a 2 de Fevereiro de 2011.
Os trabalhos preparatórios da exposição, no entanto, têm decorrido, tanto quanto possível regularmente, mercê da excelente cooperação da Câmara Municipal de Lisboa, e em particular da vereadora da Cultura, Catarina Vaz Pinto, e sua equipa, que tem cumprido com o apoio prometido, quer financeiro quer com as obras necessárias na cadeia do Aljube.

Dada a falta de estrutura e meios financeiros do NAM, a preparação da exposição só tem sido possível devido ao trabalho inestimável dos parceiros do NAM neste empreendimento: a Fundação Mário Soares através de Alfredo Caldeira e o Instituto de História Contemporânea/UNL representado por Fernando Rosas. Os trabalhos têm contado com a colaboração da RTP e da Torre do Tombo que nos facultaram o acesso aos seus arquivos de acordo com os protocolos assinados.

Tem avançado, e nalguns casos está mesmo terminado, o trabalho de investigação e respectivos textos para o catálogo e para a própria exposição – sobre a história da cadeia do Aljube, sobre os 48 ex-presos seleccionados cujas “fichas” constarão na exposição, sobre os carcereiros, sobre a PIDE e a sua actuação, sobre a vida na prisão, nomeadamente nos curros que serão reconstruídos e sobre as visitas das famílias aos presos. Ao longo de três pisos da antiga prisão serão reconstituídos os ambientes, os sons e a luz, haverá testemunhos de ex-presos, espaços multimédia, filmes cedidos pela RTP.

Esse trabalho tem contado com a participação da historiadora Irene Pimentel na dupla qualidade de membro da direcção do NAM e de investigadora do IHC/UNL.

2. Para a concretização do Memorial às vítimas da PIDE, em face da recusa de autorização por parte dos proprietários do muro em frente do teatro S. Luís, a direcção do NAM elegeu três outros locais próximos: a parede das escadas de saída do Metro Baixa-Chiado, sobretudo pela sua visibilidade; a "praceta" ao fim da rua dos Duques de Bragança, pelas potencialidades daquela área, que justificariam, no entender da CML, uma requalificação urbana, potenciadora de grande valor para a cidade, nomeadamente turístico; e ainda o muro que ladeia as escadinhas que ligam a Rua António Maria Cardoso e a Rua dos Duques de Bragança, junto ao teatro S. Luís.

Com vista à prossecução deste objectivo tem havido reuniões com a equipa da Cultura da CML que tem prestado uma boa cooperação. Ainda este mês vai realizar-se uma reunião com responsáveis da CML e arquitectos convidados pelo NAM na “praceta” da Rua dos Duques de Bragança.

Dada a dificuldade de um memorial que nomeie todas as vítimas, admitimos a ideia de um memorial que passe uma mensagem capaz de interessar nomeadamente os jovens.
Tendo em conta a autoria de Siza Vieira na decoração da estação do Metro Baixa-Chiado, este foi consultado pelo NAM e não levantou qualquer objecção desde que o projecto do memorial seja entregue a alguém de renome.

A praceta, no início da Rua dos Duques de Bragança, se integrada numa área urbana requalificada, poderia vir a ser um ponto de atracção da cidade, sobretudo se enquadrada num roteiro cultural. É um projecto que exigirá mais tempo e maior custo.

Quanto ao financiamento do Memorial, entende a CML que dificilmente o projecto poderá ser financiado, na íntegra, pelo orçamento municipal e há consenso quanto à importância e ao significado do seu financiamento ser conseguido, pelo menos em parte, por subscrição pública.

3. O ciclo de conferências “Luta armada e Resistência Republicana - O Reviralho - (1926-1940) organizado pelo NAM em cooperação com o IHC-UNL na Livraria Ler Devagar (LX Factory) em Lisboa e que teve o apoio da Comissão Nacional para as Comemorações do Centenário da República, decorreu com bastante interesse e participação dos presentes. As cinco conferências de que foi coordenador científico o investigador Luís Farinha, decorreram entre 28 de Outubro e 25 de Novembro de acordo com o calendário que oportunamente vos foi enviado.

4. A Cooperação com o Ministério da Educação poderá vir a ter uma grande importância na prossecução dos objectivos do NAM. Nesse sentido foi-nos concedida, a nosso pedido, uma audiência pela Ministra da Educação, em 25 de Outubro passado. Nessa reunião:

• Demos uma informação geral da natureza, objectivos e actividade do NAM e manifestámos o desejo de uma colaboração entre o NAM e o ministério, no sentido de se melhorar os conhecimentos dos alunos do ensino básico e secundário sobre a história recente da luta contra a ditadura e pela liberdade.
• Solicitámos ao ministério que:~

1. Sensibilizasse as escolas para realizarem visitas guiadas à exposição do Aljube;
2. Promovesse a divulgação nas escolas de um DVD cuja produção está prevista no âmbito da exposição do Aljube;
3. Apoiasse a organização de uma exposição itinerante, prevista para ser levada a cabo em 2011, destinada ao espaço público, (primeiro, para Lisboa e, depois, outras cidades), constituída por alguns painéis evocativos da Memória de acontecimentos paradigmáticos da Resistência e da Luta pela Liberdade (ideia inspirada em iniciativas internacionais, tais como a de Barcelona).

A Dra. Isabel Alçada mostrou-se muito colaborante e receptiva às nossas propostas.

- Disse que consideraria o apoio à exposição itinerante logo que lhe apresentássemos um projecto;
- Sugeriu que facultássemos informação e outra documentação sobre a exposição do Aljube para ser enviada para as escolas por correio electrónico e que disponibilizássemos informação a partir de sites ou blogs.

Pensamos terem sido criadas condições para uma proveitosa cooperação futura.

Pelo interesse de que se revestiu referimos ainda a tertúlia realizada em 10 de Julho (então anunciada) no espaço da Livraria Ler Devagar, seguida de jantar de confraternização. Tratou-se de uma iniciativa para exposição da actividade do NAM aos sócios e amigos, para a sua apreciação crítica e apresentação de propostas.

Recomendamos a consulta do site do NAM (http://maismemoria.org/mm/ ) onde podem ser realizadas inscrições online, onde encontrarão informação geral sobre o NAM, informação sobre iniciativas e outra documentação, nomeadamente trabalhos apresentados no recente ciclo de conferências O Reviralho.



Pel’ A Direcção do NAM

Raimundo Narciso

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