Clara Castilho
O NOME DOS GATOS
O nome dos gatos, questão delicada,
Não é passatempo para gente indolente;
Bem podem pensar que sou doido varrido
Mas um gato tem sempre TRÊS NOMES
DISTINTOS.
O primeiro é nome usado em família
- É gato Lobato, Salvato, ou Renato,
Torcato, Honorato, Beato, Falcato -
Nomes próprios, comuns, decentes, normais.
Gente de requintes e nomes sonantes
Tem nomes famosos de damas e heróis
- Deméter, Electra, Admeto e Platão –
Nomes próprios, comuns, decentes, normais.
Mas, sabem, ao gato um nome faz falta
Que seja diferente, exclusivo, distinto
Para andar emproado, cauda empertigada,
Bigodes ao vento, seguro de si.
Tantos nomes eu sei que chegam ao quorum,
( E exemplos são Quaxo ou Coripata
E Bombalurina, ou então Gelinorum)
E mais nenhum gato terá nome igual.
Além destes nomes, há um por dizer,
Nome que ninguém consegue adivinhar,
Nome inacessível à ciência humana,
Só o GATO SABE mas jamais confessa.
Se virem um gato a cismar, a cismar,
Sou eu que vos digo, o motivo é só um:
Sua alma isolada medita, contempla,
E pensa, repensa no nome que é seu,
Seu nome inefável e fável também
Fá-e-inefável
Profundo, misterioso, singular."
O Livro dos Gatos, tradução de Júlio Ramos Ramos, Editora Caravela, Lisboa, 1992 (obra original de 1939), com ilustrações de Nicolas Bentley
Thomas Stearns Eliot (1888 – 1965) foi um poeta modernista, dramaturgo e crítico literário inglês nascido nos Estados Unidos, vencedor do Prémio Nobel de Literatura de 1948. Eliot nasceu em St. Louis, Missouri, nos Estados Unidos, mudou-se para a Inglaterra em 1914 (então com 25 anos), tornando-se cidadão britânico em 1927.
Este livro é composto por quinze poemas com a temática "Gatos". Cada um dos poemas conta uma história em particular, ou uma característica, de um determinado gato, constituindo metáforas sobre a sociedade.
Durante muito tempo os poemas estiveram esquecidos. Eliot temeu as críticas, pois considerava os poemas fracos e exclusivos para crianças. No entanto, o livro foi um sucesso.
Na década de 1970, já 10 anos após a morte de Eliot, Andrew Lloyd Webber musicou alguns dos poemas e fez uma versão reduzida do musical “Cats”. A viúva de Eliot, Esme Valerie Eliot, após assistir essa prévia do musical, presenteou o jovem autor musical com rascunhos de um poema inacabado pelo falecido marido. Esse poema chamava-se “Grizabella: The Glamour Cat”, e foi determinante para a finalização do famoso musical, dando abertura para a composição Memory, gravada por mais de 170 artistas até hoje.
Nicolas Clerihew Bentley ( 1907 – 1978) foi um ilustrador inglês , célebre pelo seu humor bem vísivel nos cartoons que publicou em jornais e revistas.
“Memory”
sexta-feira, 3 de dezembro de 2010
Os gatos que nos aceitam - I
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Bom aposta, Clara. São uns seres muito especiais :)
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