Sônia Sales
Nasceu no Rio de Janeiro, mas é paulistana há 27 anos. Poeta, ensaísta, autora de livros de literatura infanto-juvenil. Formação em Psicologia e arte, com cursos de extensão no Exterior. Seus poemas são traduzidos para o castelhano, inglês, chinês e russo.Seus dois últimos livros de poesia: Os dedos da morte (2006) e 50 Poemas escolhidos pelo Autor (2007). De 2010 é a sua biografia de Joaquim Nabuco, O Menino de Massangana. Membro da Academia Carioca de Letras. Eis dois poemas de sua autoria:
No Elevador
Neon com reflexos de estrelas
cristal em céu costurado
de espelhos
um quadrado maior que o Universo.
O elevador parou entre
o quinto e o sexto andares
sem computador, nem ampulhetas.
Num instante,
centenas, milhares de anos.
O espaço cósmico em branco.
Um homem, uma mulher,
como no início do início.
Sonhos Roubados
Cai a máscara.
Sem horizonte, a solidão
é o oráculo nesta cidade que
não mais reconheço.
O sol esboroa-se refletido nas
vidraças empoeiradas.
Tremulam sombras esculpidas
na geometria do concreto.
Homens armados, carros blindados,
guarda- costas atentos.
Cristos em sangue.
O asfalto repleto de tradições
pactuando com a realidade virtual.
As imagens do computador
mostram corações de vidro
e a ferocidade de suas derrotas.
Criaturas sem face clamam por liberdade.
Crianças reclamam
a devolução de seus sonhos.
Waldir Bennati Ribeiro do Val
Nasceu em Ariranha, Estado de São Paulo, a 1º. de abril de 1928. Depois de começados os seus estudos de formação no Estado do Espírito Santo, na cidade de Castelo, os completa no Rio de Janeiro, no Colégio Pedro II. Bacharel em direito, não tendo jamais exercitado a profissão de advogado; doutor e livre-docente de Teoria da Comunicação pela UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro. Dedicado inteiramente à literatura, além da poesia, da qual o seu último livro é 50 Poemas Escolhidos pelo Autor (2010), destaca-se igualmente no ensaio literario e na biografia, principalmente com os muitos trabalhos dedicados a Raimundo Correia. Editor, é o condutor-proprietário das Edições Galo Branco. Membro da Academia Carioca de Letras. Dele, apresentamos dois poemas.
O Sllêncio de Diana
O silêncio de Diana penetra os vãos da noite
e se precipita sobre todas as coisas.
Ele é mais comoventea
que os gritos dos desesperados,
que o canto do mar sobre os rochedos.
O silêncio de Diana vem das profundezas do tempo
e de horizontes mais e mais distantes.
No silêncio de Diana há a pungência
da mensagem sem destino.
A solidão, a grande solidão que um dia nos encontrará
já está presente no silêncio de Diana,
um silêncio que envolve seu pequeno vulto
e cobre a eternidade.
O Corredor
Mil vezes passo pelo corredor
escuro, como um túnel que vazio
nos conduzisse à vida, à luz, à cor,
ou ao leito abissal de oculto rio.
Pelo vaivém dos passos, meu temor
em métricas medidas avalio;
a penumbra e o silêncio aterrador
ataram-me as algemas. Tênue fio,
como corda de uma harpa abandonada,
pende do teto, desce do aranhol
e vai prender-se ao corrimão da escada.
Sombra e silêncio. O corredor sem fim.
Só no fio de aranha desce o sol
ao túnel tumular que existe em mim...
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