segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

VerbArte - Fernand Léger - The Discs in the city




The Discs in the City






João Machado




Fernand Léger (1881-1955) foi pintor, escultor e cineasta. Natural de Argentan, na Normandia, foi viver ainda bastante jovem para Caen, onde trabalhou numa firma de arquitectos. Posteriormente foi para Paris, onde se integrou no meio artístico e se lançou na pintura. Só relativamente tarde adoptou o cubismo, tendo sido, como muitos outros pintores desta escola, fortemente influenciado por Cézanne. Combateu na I Guerra Mundial, tendo sido gaseado na batalha de Verdun (1916). Foi também ceramista e autor de vários murais. 

A sua obra é dominada pelo ambiente citadino e industrial. Léger terá sentido um profundo impacto na transição do ambiente rural para o urbano, chegando alguns a detectar uma repulsa por este último no seu início de carreira como artista. Será talvez mais exacto apontar a influência do trabalho no atelier de arquitectura, que lhe despertou um grande interesse pela paisagem urbana, dominada pela presença de grandes edifícios, grandes máquinas e outros símbolos. Teve também influência do cinema, pelo qual se interessou muitíssimo, levando-o a acentuar a importância do movimento e da propulsão, simultaneamente com os problemas da dimensão e da luz.

Fernand Léger defendia que se deve pintar quadros bonitos, e não objectos bonitos. Criticava os pintores da Renascença, dos quais dizia não serem mais evoluídos do que  os da Antiguidade. A arte, segundo dizia, consiste em inventar e não em copiar. 


Interessou-se por muitos campos da arte, como o mosaico, as ilustrações de livros, cenários teatrais e tapeçaria. A sua influência foi muito vasta, incluindo a pop art. Em 1924 produziu o filme Le Ballet Mécanique, o primeiro sem cenário, e também o primeiro filme de animação. 


Viveu muito tempo nos Estados Unidos da América. Contava que um dia, numa exposição em Nova Iorque, entraram uns negros de Harlem, e ficaram muito tempo a contemplar o quadro acima, The Discs in the City. A páginas tantas, vieram ter com ele, e perguntaram-lhe se não lhes podia oferecer o quadro. Tendo Léger perguntado para que o queriam, responderam que, quando o contemplavam, sentiam vontade de dançar. Léger recusou oferecer o quadro, mas depois dizia que eles é que mereciam  ter ficado com ele. 

2 comentários:

  1. É curioso, o quadro tem alguma coisa de africano. O verbarte é muito bonito, estás a merecer ser nomeado o "pescador de estrelas" do mês.

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  2. Sem dúvida. Está a começar muito bem, com o pé direito (salvo seja). Havemos aqui de falar de um pintor português que foi discípulo de Léger - Manuel D'Assumpção.

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