quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Hipostenia




Maria Inês Aguiar

desci um a um os degraus com o peso do biltre, o rebuço do patife, a má língua da matrona, o Nobel da bizarrice e o povo nada me disse…
do poeta ficou o conceito, da liberdade a noção, da temperança a lembrança, e do povo?
ouvi o protesto solitário, o excremento solidário, a hipostenia de um verso, um instrumentista possesso, a melodia da prosápia, a orquestra da argúcia
e vi a astúcia, vi o vício, a súcia num vão de escada, o farrapo da utopia e o povo nada dizia…

procurei uma razão, questionei a geração, caminhei na multidão e vagueei pelo povo que não encontrei e do meu povo nada sei…

(Ilustração de Adão Cruz)

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