sábado, 29 de maio de 2010

A Social - Democracia Europeia

Luís Moreira

Há muita gente na Europa que critica o sistema em que vive, vendo nele um conjunto de erros e injustiças sem cuidar de ver as suas qualidades.

A primeira qualidade é que nunca houve antes um sistema que tenha mantido por tanto tempo, tantos milhões de pessoas a viverem em paz, em democracia e com um modelo de apoio tão eficaz à família, à doença e à velhice.

A primeira causa,para este resultado, é que este sistema tem assegurado um nível sustentado de criação de riqueza que mais nenhum outro sistema conseguiu. Ora, este nível de criação de riqueza tem permitido que todos os cidadãos, melhorem o seu nível de vida, embora com profundos desequilibrios. Mas, no essencial, a vida das pessoas tem melhorado mais nos últimos cincoenta anos que nos dois séculos anteriores.

Este sistema, conseguiu criar uma rede de segurança social que abarca milhões de pessoas, os mais desprotegidos; uma rede pública universal de escolas que assegura a educação básica para milhões de seres humanos;e, providenciou, uma rede universal de cuidados médicos que assegura a saúde a milhões de pessoas que há cincoenta anos morriam por não terem água tratada.


Imperfeito, injusto e sem conseguir criar igualdade de oportunidades para todos, o sistema capitalista, como forma de criar riqueza, não tem paralelo, pelo que enquanto não aparecer um modelo de sociedade que consiga manter este nível de vida, nunca será substituído. Pode e deve ser aperfeiçoado, mas não pode ser substituído, pelo simples facto que ninguem está disposto a regredir no seu nível de vida. É uma falácia dizer que bastaria uma melhor repartição da riqueza para que a pobreza fosse erradicada.Aqui, já estamos a falar de homens melhores, mais generosos, mas que sistema nenhum,só por si, consegue criar.

Sou reformista, no sentido que quero partir de uma base sólida para um patamar mais elevado, à custa de mais e melhor justiça social, mas dentro de um quadro onde coexistam o Estado de Direito, a economia social de mercado e a democracia de tipo parlamentar.

Todas as experiências assentes em sistemas diferentes ruiram ou foram incapazes de provar melhor.




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6 comentários:

  1. Já sabes, Luís, que não estou de acordo. Primeiro, é muito discutível que se viva melhor hoje do que há cinquenta anos. Sim, se usarmos parâmetros de hoje. Enfim, como não é isso que pretendoi contestar, vou dar de barato que tenha havido um acréscimo de bem- estar e de acesso aos bens de consumo por parte da maioria da população europeia. O que quero contrapor a essa jubilatória euforia é o facto de esse bem-estar da classe média europeia ser conseguido à custa da criação de infernos nos chamados países emergentes que, na onda da globalização e para poder competir com economias mais consolidadas, exploram de uma forma desumana a mão-de-obra de milhões de seres humanos. Será que esses escravos, na Índia, na China, no Brasil, também cantam loas à social-democracia?

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  2. Mas Carlos, é a social-democracia europeia que tem culpa que "os comunistas" chineses escravizem os seus cidadãos? A China é o país mais rico e tem uma das populações mais pobres. Culpa dos europeus?

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  3. Sim, culpa dos europeus, particularmente daqueles que vivem do outro lado do Atlântico, que impõem a sua way of life como um valor absoluto a todos os povos. São os mercados dos países desenvolvidos que desencadeiam esse processo de escravização massiça. E culpa dos crápulas que governam e que mandam nessas tais «economias emergentes».

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  4. Ou, antes, trata-se da incapacidade dos sistemas "não capitalistas" serem capazes da "eficiência económica"?

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  5. Olá Luís e Carlos

    Luís, a que chamas social-democracia? Àquele regime em que o estado detém os principais meios de produção? Ou ao regime vigente nas grandes potências, que amassaram grandes riquezas explorando os seus pobres e outros países?

    Um abraço

    João

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