terça-feira, 29 de junho de 2010

Apresentando Pedro Godinho

O Pedro envou-nos uma "Apresentação ao correr da pena" que vamos transcrever.


Da fornada de 60, o 25 de Abril apanhou-me à beira dos 14 anos, com as hormonas a começarem a dar sinal.

E que melhor momento para uma explosão de energia que o de um período revolucionário, a descobrir, com milhares de outras pessoas, a liberdade e a procura da felicidade.

Com muita asneira de permeio, foram dias inesquecíveis em que me descobri cidadão, antes de ser homem. Encontrei pessoas e amizade, ideias e boa vontade.

De tal modo nos entregávamos, com paixão, à construção de um novo mundo que só mais tarde compreendemos que também na generosidade podia haver desigualdade e que havia alguns que, calculistas, manipulavam, tratavam da vidinha e vendiam a alma ao diabo mais prometedor.

De crente a agnóstico da Revolução, a da maiúscula, com o tempo lambi as feridas da desilusão na leitura (regressando também à literatura), no cinema e na música (sem ter de ser de intervenção), nas viagens (a ver mundo para além da ideologia), nas ideias (sem rótulos apriorísticos), no tempo e conversa com os amigos (não necessariamente camaradas), no amor duma mulher, filhos e família para uma vida.

Ainda me indigno com a desigualdade e a injustiça, mas estou mais maldizente que militante, à espera do meu Godot, por não me reconhecer nas forças organizadas.

As letras, sobretudo, confortam-me e poupam-me a terapia.

Ligação com o Estrolabio? O Carlos e outros amigos que ele, também, arrastou.

E aqui estou, por amizade, a rabiscar uns esquiços para o blogue.

E esta apresentação, sem foto, ao contrário do pedido; para parecer bem posso alegar que em protesto, snobe, com um império da imagem na comunicação, ou para não ser reconhecido e importunado na rua quando o Carlos tornar o Estrolabio um blogueseller, ou tão só pela pretensão de fazer diferente ou pela simples vaidade de não gostar de me ver em photomaton.

Ficam as palavras, e a amizade.

1 comentário:

  1. Fotos tuas, não tenho. Mas guardo-te no coração. E comungo muitos dos teus sentires.
    Os livrinhos que vais escrevendo com os teus putos - cujos nomes não decorei e tenho preguiça de me levantar e ir ver...- têm-me servido para trabalhar com outros meninos, quiça menos felizes que os teus, mas fomentando momentos livres de angústia e propulsores de criatividade.
    Se te vir reconhecer-te-ei? Sem boina?
    Beijos
    Clara

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