Ethel Feldman
Onze da noite, o carro do lixo não me deixa dormir. Vivesse eu no campo e ouviria o som que amedronta a cidade. O vento calmo nas folhas das árvores, o canto dos pássaros quando anoitece. E se a chuva ameaça, um gemido quase silencioso ocupa o espaço.
Caixote de lixo aberto é caixote liberto do entulho diário. O cheiro se espalha, corre em cada esquina pedindo juízo ao viajante distraído. Quem está na cama não abre a janela. Cerra as mãos no nariz e espera que o cheiro passe.
Conto até dez, inspiro, expiro e volto a contar. Revejo meu corpo da cabeça aos pés. Nessa viagem silenciosa por fim adormeço.
Amanhã é domingo. Descansa o lixo em cada casa.
terça-feira, 29 de junho de 2010
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