sábado, 5 de junho de 2010

Coisas breves. Santana Lopes quer o PCP no governo.


Carlos Mesquita


Apesar do ex-líder do PPD/PSD, Santana Lopes, ter dito que “o PCP tem de ser chamado a fazer parte do governo”, ninguém passou cartão ao que disse o ex-primeiro ministro laranja. E disse mais Santana, na SIC; que não era por causa da paz social mas sim da produtividade. O que é que o PCP tem a ver com a produtividade? Tenho andado a matutar no assunto. Produtividade sei o que é, até já fiz profissão disso, mas ligar o PCP à produtividade não é fácil. Não será através das empresas ligadas ao partido; as que conhecia (da minha área) ou fecharam ou foram vendidas, até para Espanha. Com apelos aos trabalhadores também não será, basta os patrões a pedir-lhes isso. Seria com trabalho do Comité Central? Há realmente lá gente com conhecimentos de arqueologia industrial, podiam ajudar como cicerones o turismo que agora se faz para ver cadáveres de fábricas. Explicar às criancinhas que antes dos telemóveis, os telefones tinham fios, e que ainda antes tinham de se plantar postes e passar fios que eram seguros a canecas…mas não, não pode ser por isso que Santana Lopes quer o PCP no governo. Explicar como segurar fios com canecas é um malabarismo que pode prender a atenção dos garotos, mas não é razão para ir para o governo.

O melhor é usar outro método (agora científico), e recuar aos anos em que o PCP esteve no governo, no passado longínquo dos governos provisórios. Nessa altura os ordenados eram baixos, embora alguém do PCP tenha dito que vivia bem com o salário mínimo, mas a produtividade não era grande coisa, também porque parte do tempo decorria a lutar pelos direitos, (chamam-se hoje, direitos adquiridos). O tempo do PCP no governo não foi fecundo em ganhos de produtividade. A não ser (eureka) durante um dia em que os portugueses trabalharam à borla, chamado “Um dia de trabalho para a Nação”. Não há nada mais produtivo que os trabalhadores não quererem remuneração, é ainda mais proveitoso que os baixos salários, que como se deve ensinar nas universidades da especialidade é condição sine qua non para conseguir produtividade, é o que dizem os porta-vozes do saber. À luz desta breve mas produtiva pesquisa entende-se a proposta de Santana Lopes; ele quer o PCP no governo, porque considera que assim, quando Carvalho da Silva for ao Hotel Vitória buscar inspiração para novas jornadas de luta, trará de lá em vez de propostas de greve geral, mais uns dias de trabalho pela Nação. Muita cultura política tem o estudioso Santana Lopes.

Aqui abre-se um parêntesis que fecha do fim do texto, para ir à história e enquadrar o dia de trabalho voluntário. Quem teve a lembrança do dia de dádiva foi Vasco Gonçalves, nomeado primeiro-ministro do II governo provisório em Julho de 1974, fez a proposta em Setembro de 74, ainda durante o II governo, para esse dia ser no 5 de Outubro, entretanto a 30 de Setembro Spínola renúncia à Presidência da República e Costa Gomes assume o cargo. Em 1 de Outubro toma posse o III governo provisório chefiado por Vasco Gonçalves. O primeiro-ministro do III governo, manteve a proposta do primeiro-ministro do governo anterior, e o dia de trabalho lá se realizou, não no feriado, mas no dia seguinte que era de descanso. Vasco Gonçalves amado por uns e odiado por outros manteve nos seus quatro governos (o ultimo foi o quinto) o ministro do trabalho Costa Martins e como secretário de estado do trabalho Carlos Carvalhas, que viria a ser secretário (agora geral) do PCP. O “companheiro Vasco” como primeiro-ministro foi controverso, e mais seria como treinador de futebol, como se vê ele era apologista da máxima; em equipa que perde não se mexe.

1 comentário:

  1. O PCP sabe como e porquê os países comunistas são todos miseráveis.Deve ser da produtividade. Com o Pedro nunca se sabe...

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