quinta-feira, 17 de junho de 2010

É preciso procurar

António Mão de Ferro


Os tempos que correm deixam muitas pessoas à deriva, daí que haja quem diga que se anda à procura sem saber de quê, sem rumo e sem horizontes. Mas… os que dizem isso não se apercebem de que a vida é um ponto de partida e de chegada constantes.

Procurar é normal. Empresa onde as pessoas estejam enredadas numa segurança total e numa tranquilidade absoluta, que as leva a dizer “estamos completamente satisfeitas”, não é uma organização para quem se augure grande futuro.

A comunidade de trabalho que chega à meta e não procura outras metas, outras corridas, outros desafios, outras etapas, outros obstáculos e se dá por satisfeita por chegar, caminha para o declínio. O mesmo acontece com o homem e a mulher quando não desejam mais nada. Contentam-se em serem iguais aos outros, remetem-se à defesa e perdem o contacto com os problemas, com o perigo, com a luta. Não saiem do seu tranquilizado mundo para não o fazer oscilar, para não perderem o que têm, mesmo que estejam insatisfeitos.

Mas procurar não significa que se viva em permanente anarquia. É preciso definir etapas, traçar caminhos, ainda que nem sempre com contornos bem definidos, porque quando não sabemos onde queremos ir, nunca podemos saber se conseguimos ou não lá chegar.

É importante que não se reclame por tudo e por nada, se reflicta sobre as circunstâncias da vida e se continue a procurar novas oportunidades.

1 comentário:

  1. Essa capacidade de planear o futuro, definindo etapas e projectando caminhos, não faz parte da bagagem usual das pessoas. É com espanto que ouço pessoas que ficam desempregadas aos 40 anos dizer que «estão velhas» para pensar numa nova carreira. Isso e o apego ao conceito do Estado Providência, quando não mesmo a invocação a torto e a direito das «conquistas de Abril» (que já tenho ouvido na boca de pessoas que ajudaram a derrotar Abril). Obviamente que não podemos desculpar os erros dos governantes, as más políticas de saúde,~de assistência socil, de educação. Porém, a cada um de nós cabem responsabilidades sobre o nosso devir. E os próprios políticos, maus ou bons, são emanações da vontade colectiva. Bom texto, António.

    ResponderEliminar