António Sales
A menina deixa-o ver,
olhos gulosos a ferver.
Depois aproximar
(em grande angular)
lançando mão
do que tem para mostrar.
As mamas,
fofas pombas a incitar o beijo.
Deixe-o apalpar
a fim de ficar doido de desejo
e tudo prometer.
Mas prometer não chega!
É preciso colher
obrigando a esperar.
Domine-o lentamente.
Explore o prazer em doses moderadas
propondo fantasias
loucuras sensuais imaginadas
sem nunca se arriscar.
A luxúria amolece
A vontade em resistir.
Quando lhe perceber
os olhos fulminantes
a boca a salivar
a verga a latejar
e ele a insistir
é chegado o momento de pedir.
Dos grandes costureiros vestidos generosos
jóias preciosas de ourives famosos.
Avance de mansinho
para ter o carrinho de alta cilindrada
e a conta recheada.
Então, se ele quer tudo
e de tudo gozar
dê voz aos seus encantos.
Dispa lentamente a lingerie sensual
desperte a tentação
os olhos a chispar.
Apetites profanos
sem norma nem controle
luxúria desmedida
sentidos a ferver.
Talvez mesmo lamber
a gruta original.
Mas antes de o meter
no meio do matagal
ofereça-lhe o contrato
a fim de o assinar.
Agora dê-lhe tudo, tudinho!
Já tem o seu andar.
quarta-feira, 9 de junho de 2010
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António Sales, o teu poema é muito interessante e, para além da sua qualidade formal, que faz lembrar algumas das produções eróticas, satíricas e burlescas do grande Elmano Sadino, tem (como ele, aliás, tinha) um fundo pedagógico e moral sobre a utilização do sexo para atingir objectivos que com ele (sexo) nada têm a ver. Quanto a mim, e salvo melhor opinião, neste plano da pedagogia, tem o senão de atribuir apenas a um género esse expediente velho como o mundo. Nós, que somos homens de empresa e conhecemos como é que as coisas às vezes funcionam, bem sabemos que nem só as mulheres utilizam esses expedientes para subir na vida, seja numa empresa, na política, na carreira académica, na vida literária ou artística (o teatro é um dos exemplos mais flagrantes, mas não o único). Com esta ressalva, parabéns pelo teu poema.
ResponderEliminarNos seus termos genéricos situações destas foram comuns em todos os tempos, sabendo que o sexo foi sempre um prodigioso ingrediente para atingir objectivos, sejam o poder, a submissão, o prazer carnal, a fortuna, etc. às vezes nem é preciso chegar a tanto. Bastar posar nua para uma revista. Uma ressalva, amigo, eu não sou moralista, então no capítulo sexual serei mesmo um pecador mas nunca um cordeirinho para ser esfolado.
ResponderEliminarNem sequer insinuei tal coisa. No essencial, estamos de acordo. Um abraço, António.
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