quarta-feira, 23 de junho de 2010

O Manto

António Sales


O manto tecido por palavras
aconchega o corpo na viagem do tempo,
embrulhando memórias em folhas de papel.

Gatafunha letras de formas milagrosas
cânticos de humildade
ou vaidade do ser?

Por isso me interrogo no acto de escrever.
Será voo de vertigem de verdades profanas
ou tempestade d’alma
em vésperas de morrer?

2 comentários:

  1. Interrrogação permanente. Porque escrecemos?
    É muito bonita a forma como coloca esta inquietação. Muito bonite mesmo.
    Deixar palavras para trás ajuda-nos a recordar, a marcar momentos da nossa vida de que receamos que a mermória nos atraiçoe...
    Partilhá-las (ao publicá.las em qq formato) é prlongá-las no tempo, será acalmar tempestades, é situarmo-nos no meio dos outros, será diminuir a inquietação..

    Clara Castilho

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  2. É verdade, Clara, o António Sales é um excelente poeta. E esta é uma faceta que, conhecendo-o há mais de quarenta anos, quase desconhecia.

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