Raúl Iturra
Quando as crianças crescem, acaba por haver uma movimentação de seres que estavam habituados a viverem juntos. A pequenada começa a conhecer o mundo, ao pé dos seus progenitores e é a partir de aí, que entendem. Entendem a partir do apoio afectivo que os pequenos têm quando abrem os olhos ao mundo. Na medida que os ciclos referidos avançam, a linguagem afectiva passa a ser uma linguagem social. E palavras que nunca tinham entrado em casa, começam a aparecer. Algumas, corrigidas pelos seus adultos, outras, apreendidas pelos mesmos adultos.
O lar original começa a crescer como a lua da qual tenho falado, com um crescimento prolongado. O lar cresce cada vez que aparece um novo ser. Como foi o caso de Pilar, que aparece Carmen e não há lar. Logo, aparece José, e não há lar ainda, logo ameaça a aparição de Olga, e o lar é formado. Mas, para o formar, a mãe com os filhos deve ir morar a casa dos sogros, e o pai, ausentar-se esses cinco anos a Venezuela.
E é ao seu regresso, que a casa pequena é feita, alargada quando aparece Pilar como fruto do reencontro, e alargada ainda mais, com o nascimento do Miguel e o matrimónio de José e o nascimento do neto. Mal é possível angariar dinheiro dos trabalhos de todos, Hermínio divide a terra em quatro porções, para os filhos fazerem casa e viverem autónomos.
E os netos começam a nascer, Pilar a ausentar-se a casa do marido para aí viver, mas aparecer quando é preciso. E, um dia qualquer, este grupo de três gerações virá a ser um grupo de quatro. Pelos rebentos que os netos adultos estão já prontos a fazer. Expansão que se da com o aparecimento material, mas também com o crescimento em, conhecimento. Não é só Pilar e a música, ou Alfonso seu marido, com a electricidade. É José, ou Pepe e a sua mulher, com a mecânica e o comércio, Olga e Carmen com a sua emigração e aprender outras formas de falar, o neto mais velho, com o seu noivado com uma médica e a sua formação em enfermagem. O saber que tinha sido sempre de cavalos e batatas, passa a ser de assistência social, de medicina, do corpo com Miguel a tratar de corpos e doentes a morrer para a funerária para a qual trabalha. E com as novas formas de falar o galego, língua oficial com sintaxes e gramática, como é também o castelhano.
Tinha eu dito que há ciclos no crescimento, mas os ciclos são de influência mútua no entendimento do real. A cultura do saber, é guardada, mas o saber social, entra pelo treino que o grupo nacional e estatal, faz. Até da lei. O que introduz uma outra característica do crescimento, a heterogeneidade do entendimento e dos interesses que cada um tem. O que acaba por modificar também o tipo de pessoas que visitam a casa, a qual casas são eles convidados, das quatro que existem juntas. E quem é quem deve pagar a atenção. Acaba por ser um conjunto de factos os que organizam a estrutura doméstica da casa. Onde fica uma mãe que persiste no seu entendimento, e um pai na sua sabedoria. O que todo professor deve entender quando ensina uma pessoa: não é o filho de, bem como o membro do grupo de. Crescimento de crianças complexo em todos os três lugares estudados, como complexo sempre foi em contextos históricos diferentes.
Como um leque que abre até o crescimento dos mais novos e a partida dos mais velhos, para a Historia. Cumprido como fica o seu papel íntimo e social. Para um crescimento complexo, em interacção pessoal e de tempos históricos, de saberes diferente juntos, de cronologias á distancia, sob o mesmo teto. Um convivo de símbolos entendidos de forma heterogénea, no tempo. Que explicita como os mais velhos eram, a memória social do passado, quando a criançada de hoje não era, o que essa pequenada pode dizer quando definir o que eu sou.
quarta-feira, 30 de junho de 2010
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário