sábado, 12 de junho de 2010

República nos livros de ontem nos livros de hoje - 17


Cinzas Imortais


Na Morte de António Granjo

Rodrigo de Castro

Porto, 1922

Na piedosa romagem segui o desditoso amigo e desventurado Granjo ao restitui-lo á terra mater que ele tanto amou.

Quis dizer-lhe o último adeus; quis espalhar algumas flores da minha saudade sobre o seu ataúde; mas queria também acusar, pois que não é lícito a coração amigo deixar de revoltar-se perante a hediondez do crime, reclamado a severa punição de mandantes, mandatários e executores. Queria, ainda, num acto bem público, fazer sentir aos políticos de todos os partidos que era aquela a sua obra; e, como com ela nunca me solidarizei, mas como político militante uma quota-parte me podia caber, junto do corpo martirizado do querido amigo eu daria por terminada a minha vida pública, no que da acção política dependesse, na consciência de que já não era aos partidos nem à força pública que cumpria a salvação da Pátria, mas sim, à própria Pátria, pela acção de lodos os seus filhos.

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