segunda-feira, 28 de junho de 2010

República nos livros de ontem nos livros de hoje - 42 e 43 (José Brandão)


Em Defesa da Verdade

Carlos Ferrão

Editorial Século, 1961

Durante mais de trinta anos, os monárquicos portugueses caluniaram e afrontaram os seus adversários políticos lançando sobro a República e os republicanos uma torrente de agravos e cientes falsidades. Esse procedimento cujas dolorosas consequências se fizeram sentir no rebaixamento do nível cívico da Nação e ao desaparecimento de todas as manifestações de convívio entre indivíduos nascidos na mesma Pátria e cidadãos sujeitos à mesma lei, só foi possível graças à impunidade de que gozaram. Ao mesmo tempo que desenvolveram uma campanha de ódio e injúrias na Imprensa e em reuniões públicas, no desempenho de funções diversas procederam, com uma sem-cerimónia

completa e uma ama ausência de escrúpulos inquietante, à revisão da História segundo os seus cânones e objectivos transparentes. Graças aos seus esforços esta acabou por se transformar numa contrafacção da verdade e numa caricatura que era a negação dos factos averiguados.

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Em Plena República

António Cabral

Lisboa, 1932

Nas lutas aspérrimas da política brava, conservei-me sempre do mesmo lado da barricada. Nunca transigi ou colaborei com adversários da Monarquia, como, a pretexto do bem público ou nacional, encobridor de interesses e conveniências pessoais, fazem aqueles que de monárquicos só têm o nome. Falei sempre aos Reis, que servi, com acatamento, sim, mas com dignidade, também, e fiquei na brecha, correndo perigos e desprezando comodidades, para lhes defender os direitos feridos e postergados. É convicção minha, arreigada e firme, que só um Rei, chefe permanente, rodeado por homens bons e dedicados, pode salvar o país da ruína e da perdição. Por isso, quero, de novo, um Rei em Portugal.

Quem assim pensa, ao escrever acerca da república, é possível e até provável que seja tido em conta de parcial, apaixonado e injusto, Será assim? – Não sei. O leitor dirá.

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