domingo, 25 de julho de 2010

Passos Coelho em Vila Real

Carlos Mesquita


Há festa no distrito para as bandas do PSD, banda mais retrógrada do espectro político português, desde que a actual direcção do partido trocou a matriz social-democrata pelo ultra-liberalismo.

Vai ouvir-se a banda desafinada, com Passos Coelho cantando as justificações para a imposição, pelo PSD, de portagens nas SCUTs do Interior Norte. O líder do PSD vai fazer contas para explicar como os 6.046 veículos diários que agora circulam na A24 vão pagar a auto-estrada, quando há quem diga que a receita nem cobre os custos de investimento e operação de portagens, já afirmava Ferreira Leite na ultima campanha eleitoral que nem valia a pena neste caso cobrar portagens. Vai dizer que haverá descriminação positiva para alguns, escondendo que esses, como todos os outros, vão pagar as portagens quando forem às compras de produtos que viajaram pela auto-estrada. Tudo o que chegar à região sobre rodas vai aumentar de preço, tudo o que sair da região sai mais caro, tornando os produtos transmontanos menos competitivos. Os turistas que visitariam Trás-os-Montes farão contas para escolher entre este e outros destinos. As vias rápidas abertas pelos montes trasmontanos que são o caminho principal para sair do subdesenvolvimento, vão voltar (por iniciativa de Passos Coelho) a ficar tapadas pelo entulho das portagens.

Volta de certa forma o isolamento, económico, irrecuperável. Em vez de Trás-os-Montes ir no encalço das zonas mais evoluídas do país, vai ficando mais atrasada, não alcançando o pelotão, pedalando penosamente junto do carro-vassoura.

Mas não vai faltar festa por causa da realidade, a festa é para esquecer e esconder a realidade.

Passos Coelho precisa de festas, de banhos de convertidos que o façam esquecer a patente falta de ideias para tentar contribuir para a solução dos problemas reais do país, e para esquecer as asneiras políticas com que o PSD tem brindado os portugueses; como as propostas destrambelhadas de revisão constitucional que sabe não poder fazer sem dois terços da assembleia, e sem o acordo do presidente. Aliás, com o desatino das propostas absurdas que tem feito, já tramou a campanha a Cavaco que esperava ir para um segundo mandato em jeito de passeio. O candidato Cavaco, agora vai ter de se pronunciar sobre as alterações propostas por Passos Coelho à lei fundamental que jurou cumprir e fazer cumprir. Antes de Passos Coelho vir, eventualmente, a ser primeiro-ministro, os candidatos a presidentes da República que terão de promulgar as hipotéticas alterações, quando exercerem o cargo, vão dizer se concordam com as alterações sugeridas; Portugueses de primeira e de segunda no acesso à saúde e à educação, desequilíbrio do sistema político, arrasar os direitos sociais e laborais e o resto de disparates com os quais não vale a pena nesta altura gastar tempo. Tudo isso é para encobrir a falta de ideias e soluções e o receio de enfrentar a governação. Passos Coelho tem-se limitado a deixar sugestões de políticas avulsas no ar, lançando barro á parede, que não pegando, se apressa a desdizer. Ninguém sabe o que Passos Coelho quer, nem para quando quer.

Não é tipo com quem se vá à caça, vê uma boa sondagem, acelera; de repente trava, recua, saltita, dá mais uma fugida, volta atrás, pisga-se outra vez, sobe, desce, esconde-se, espreita, desaparece. É uma canseira, e com ele a fazer de coelho é um dia perdido.

Transcrito de Semanário Transmontano

7 comentários:

  1. Se o programa dele, apresentado a eleições, não for social-democrata não tem o meu voto.

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  2. Não terá o meu em hipótese alguma

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  3. Se for para melhorar o Estado "abafador" e esbanjador e fortalecer a iniciativa privada, conta com o meu voto, mantendo, claro está, o Estado Social.Já não me oriento por ideologias. Quero o melhor, a social democracia do norte da Europa!basta seguir o mesmo caminho!

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  4. António Gomes Marques26 de julho de 2010 às 00:07

    A social democracia dos países nórdicos (Suécia, Dinamarca, Noruega e Finlândia, é destes que estamos a falar, não é?) também eu queria, mas não temos políticos, nem povo para isso (basta atentar na preocupação da maioria dos pais em quererem os seus filhos aprovados a todo o custo, mesmo que nada saibam). Imitar nunca é solução, nunca acreditei em mecanicismos. Para fazermos de Portugal um país como aqueles temos de investir nos 3 pilares fundamentais: Educação, Ciência/Tecnologia e Cultura, o que não fazemos, embora gastemos muito dinheiro na Educação. Desenvolver estes itens com os necessários resultados seria uma verdadeira revolução.
    Sabemos que o rapaz Passos Coelho não tem este tipo de preocupações, quer chegar ao poder para cumprir o que o patrão mandar (patrão este que já julga poder dispensar o Sócrates), e, se lá chegar -não com o meu voto, claro!- até destruirá o pouco de bom que o Sócrates fez na Ciência, com o auxílio do Mariano Gago.
    A terminar, digo que se o PS conseguir um substituto credível para o José Sócrates, o PSD não ganhará as próximas eleições e ainda estamos para ver se este partido, com o Cavaco reeleito, tem coragem para derrubar o Governo.

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  5. Com o PS há 12 anos no governo nos últimos 15 é preciso ser como as videntes de Fátima - ter fé - para esperar alguma coisa daqueles gajos, que abocanharam o estado e as empresas públicas e até a banca. Se o Passos não for social democrata não voto nele e no PS tambem não, temos aí o BE que ,ao menos, chama os bois pelos nomes. Eu quero o melhor! A social democracia do norte da Europa. Com Olof Palme, quando o estado chegou a esta desgraça, a saída foi dar força à sociedade civil, à iniciativa dos cidadãos,e "emagrecer" o Estado. Lá pagam muitos impostos mas são devolvidos à sociedade, através de serviços de qualidade, sejam ou não prestados pelo estado. No PS é que eu não voto!Chega!

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  6. Essa das democracias nórdicas tem graça. Aqui bastou a ameaça de mexer nas deduções fiscais, em valores médios de um café diário, para se exigir a queda do governo, o fim do SNS e pedir que no interior passem a andar de carroça por caminhos de cabras. É só panfletos.

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  7. Quem está sentado à mesa do orçamento não quer ouvir de mudanças.Mas o Estado já come 50% da riqueza, mistura-se com tudo o que são grandes empresas, há 10 anos que não criamos riqueza,os mais ricos estão mais ricos e os pobres mais pobres, há que mudar não? Ou isto é a degola dos inocentes?

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